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Adrian Quesada (43) me recebe em sua casa, em Austin, no Texas, para conversar sobre o Black Pumas, duo de soul rock formado por ele, guitarrista e produtor, e o amigo Eric Burton (31), vocalista principal. No começo do ano, eles foram indicados na categoria artista novo do Grammy — desbancados pela “papa-prêmios” Billie Eilish. Para 2021, estão indicados em três categorias, incluindo álbum e gravação do ano. De boné e figurino despojado, ele se senta em uma cadeira no home studio da residência em que vive com a família. A visita não é pessoal, claro. É virtual. A pandemia do coronavírus fez a dupla interromper a turnê, que viria ao Brasil no mês de abril para shows em São Paulo e em Piracicaba, mas foi adiada para janeiro de 2021.
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O duo Black Pumas: Adrian Quesada e Eric Burton.
“Eu fiquei frustrado por não termos conseguido ir. Estava muito empolgado para conhecer o Brasil. Seria a minha primeira vez aí e, pelo que vimos na internet, temos muitos fãs brasileiros”, lamenta o guitarrista. “Para quem ouve o nosso álbum (“Black Pumas”, lançado em junho de 2019), mas nunca nos assistiu ao vivo, é uma experiência completamente diferente. É um lado muito mais visceral da banda”, antecipa o músico. Com a espera estendida por mais oito meses, Adrian diz que existe a possibilidade de outros shows serem agendados no país. “O pessoal está trabalhando nisso. Acho que vamos conseguir incluir outras apresentações.”
Adrian ainda não conhece o Brasil, mas não é alheio à cultura daqui. A família de origem mexicana o faz íntimo da música latina, especialmente da cumbia. Os laços com a música brasileira vieram mais tarde, muito em função da amizade com Tita Lima, cantora e filha do produtor e ex-baixista dos Mutantes, Liminha. “Eu sou fã de música brasileira. Como a maioria dos mexicanos, a minha família tem raízes indígenas misturadas às europeias. Uma parte da minha família veio da Espanha e minhas raízes são bem mexicanas. Eu fui criado na fronteira do México com os Estados Unidos falando espanhol e inglês. Um pouco mais velho, já na faculdade com uns 18 ou 19 anos, eu comecei a descobrir música brasileira. Desde os clássicos da Bossa Nova até Os Mutantes e toda a discografia psicodélica”, explica.
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A banda formada por Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias empolgou Adrian pela mistura de gêneros. Ele percebe a influência dos Beatles no repertório mutante, mas destaca os detalhes das referências psicodélicas. “Você percebe a psicodelia, mas mais atrelada ao pop, algo que eu percebo como usual em boa parte da música brasileira, como Caetano Veloso também. Você pode ouvir o que vem do pop e o que vem da influência da psicodelia”, explica.
Ele diz que não sabe ao certo se a proximidade com a música brasileira influenciou a obra do Black Pumas, mas percebe semelhanças no trabalho do duo vindas do estilo adotado pelo compositor tropicalista. “Não acho que em algum momento a gente tenha sentado e feito algo completamente inspirados pela música brasileira. Mas já ouvi tanto (MPB) ao longo da vida que talvez algo tenha saído de lá. Por exemplo, Caetano faz um estilo de música em que as canções são tocadas em um violão e, em seguida, todo o resto da produção traz cores diferentes ao redor disso, que eu acho que é algo que fizemos em nossa música. Tentamos fazer com que a maioria das músicas seja baseada no violão do Eric.”
A ligação entre Adrian e Eric começou por volta de 2015. Os dois se conheceram por intermédio de um amigo, que passou o telefone de Adrian para o vocalista. Eric — que chegou a ganhar a vida como cantor de rua (história contada aqui no Reverb — demorou a retornar e, por isso, ouviu até uma leve bronca de conhecidos que já sabiam da reputação e do bom trabalho de Adrian, que o atendeu enquanto dirigia. Em entrevista à “Rolling Stone”, no começo do ano, Eric disse que achou que seria uma boa oportunidade para ganhar dinheiro.
“Foi uma loucura quando desligamos. Eu simplesmente amei a energia dele. Já sabia que ele era um excelente cantor porque eu o havia visto em vídeos e ouvido algumas músicas que ele fez em um trabalho com outro amigo meu. Mas eu não sabia como ele era como pessoa. A forma como ele me ligou e cantou, e eu nem consegui ouvi-lo tão bem na hora… a energia dele ficou clara mesmo pelo telefone. Eu desliguei muito empolgado para trabalhar com ele”, admite.
Enquanto Eric se encarrega das letras, Adrian se responsabiliza pelos arranjos e pela produção das músicas. Quesada é o típico músico que gosta de vários aspectos do show business: viajar, sair em turnê, fazer shows. Mas nada o move como produzir álbuns em estúdio. O de estreia do Black Pumas, extremamente influenciado por soul, era um sonho antigo. “Mesmo que eu tenha sido influenciado pela soul music em outros projetos em que participei, eu nunca havia feito um álbum de soul. Nunca me pareceu a hora certa, até agora. Para mim, era um caminho que eu já estava percorrendo, mas que eu finalmente tirei do papel”, explica.
Apesar da influência da música latina em sua vida, Adrian cresceu ouvindo ouvindo hip-hop e o rock do Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden e de “todas as bandas de Seattle”. Foi nessa época que o músico começou a tocar guitarra. “O hip-hop me abriu as portas para o soul, funk, jazz, funk e, eventualmente, como eu disse, a música brasileira. Os samples que eles usavam no hip-hop sempre vinham do funk, soul e jazz, e as pessoas também estavam usando muitos samples brasileiros, de Sérgio Mendes ou do Som Imaginário, banda que também tinha a pegada psicodélica dos Mutantes”, diz.
Naquela época, quando eu tinha uns 19 ou 20 anos, eu era aquela pessoa que queria saber de quais músicas vinham os samples usados. Foi assim que eu descobri a maior parte das músicas que eu ouvia.
Antes de integrar o Black Pumas, o guitarrista fez parte de uma série de outros projetos, o maior deles durou uma década: a big band de funk latino Grupo Fantasma. Em 2010, o conjunto levou um Grammy com o disco “El Existencial”, na categoria melhor álbum latino de rock, música urbana ou música alternativa. Eles já haviam concorrido em 2008 pelo mesmo prêmio. Como integrante da banda, viveu uma das histórias mais marcantes de sua carreira: tocar com Prince (1958-2016).
O cantor de Minneapolis havia recém inaugurado uma boate em Las Vegas, o Club 3121, onde fazia residência musical. Às quartas-feiras ele abria espaço para outras bandas e, às quintas, promovia uma espécie de “noite latina”. Por meio de seu empresário, a banda conseguiu entregar um disco a alguém da equipe de Prince e o álbum chegou até as mãos do músico.
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“Eles nos responderam dizendo que ele tinha adorado. Isso para mim já poderia ser o fim da história porque aquilo sozinho já era uma conquista, o Prince tinha gostado do nosso álbum”, lembra Adrian. “Quem costumava tocar na boate era uma banda de house mas eles, por algum motivo, não queriam tocar em um determinado dia. Eles nos ligaram dizendo que a outra banda não poderia tocar e perguntaram se nós queríamos ir até lá. Nós fomos e tocamos. Achamos que o Prince nos cumprimentaria depois, mas ele não foi até nós. Quando chegamos em casa, descobrimos que ele havia demitido a outra banda e nos colocado como a atração de quintas-feiras”, diz.
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