Um vídeo que mostra diversos carros sendo assaltados na Cracolândia, na região da Luz, em São Paulo, acabou viralizando nas redes sociais e tomando as manchetes dos jornais locais paulistanos. A cena é desesperadora: uma horda de pessoas vão tentando quebrar os vidros dos veículos e tirar os pertences dos motoristas, em uma imagem digna de cenário apocalíptico.
– Eles foram à Cracolândia para lembrar que todo dependente químico tem uma história de vida

Dezenas de moradores das ruas da Cracolândia atacaram carros em busca de “qualquer objeto de valor” no cruzamento da Rua Helvétia com a Alameda Nothmann
Confira as imagens:
– Lucro de R$ 9,7 milhões por mês do tráfico pode explicar existência da Cracolândia
Foram seis carros atacados. Uma das vítimas deu depoimento à TV Globo e seu relato pode revelar a parte mais dramática desse evento: “O item que eles mais pediam era o celular. Me pediram o celular umas quatro, cinco vezes. Mas o celular foi o primeiro item que levaram. (…) Então eles começaram a recolher o que eles viam. Pegaram até uma bolsa térmica que só tinha águas e bebidas para o meu próprio consumo. Eles estavam desnorteados, pegando qualquer coisa que pudesse gerar algum valor”, disse.
Cracolândia segue invisível aos olhos de SP
A cidade de São Paulo acaba de sair do período eleitoral e os candidatos a prefeito sempre prometem ‘acabar com a cracolândia’. O que esse vídeo revela é que a última gestão – que enviou soldados para dispersar os usuários de droga da região e derrubou uma pensão na Nova Luz enquanto residentes estavam lá dentro -, comandada por João Dória, não resolveu o problema.
– O que podemos aprender com a maneira como a Alemanha lidou com sua ‘cracolândia’
A pandemia derreteu a fonte de renda dessas pessoas e recentes governos destruíram programas como o ‘De Braços Abertos’, que trabalhava pela reinserção de dependentes químicos na sociedade.
A conta chega: a revolta por conta da miséria está aí nos vídeos, para quem quiser ver. Como diz a jornalista Cecilia Olliveira, pós graduada em Criminalidade e Segurança Pública, “não existe guerra contra coisas e sim, contra pessoas”.