Ele era um fotógrafo fazendo uma reportagem na Índia e precisou fazer um teste de HIV para entrar em um santuário. Até a hora do resultado, não imaginava que portava a doença. Por ser homem, branco e heterossexual, acreditava que não poderia se contaminado pelo vírus. Eis que recebeu a notícia de surpresa.
Christopher Klettermayer tinha contraído o HIV. Conhecido por seu pseudônimo Philipp Spiegel o homem, que também é escritor e agora ativista em defesa dos soropositivos, compartilhou com a BBC sua história com o vírus. Ele afirma que leva uma vida completamente normal e que os principais efeitos da doença estão mais sobre o estigma social do que de fato sobre questões de saúde.
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A normalidade da vida diante do estigma social
Philipp Spiegel fez o teste em um ashram – um centro de meditação hinduísta -, em 2014. Então, passou horas em desespero tentando entender o que aquilo significado e como o mundo o enxergaria. “Senti medo no começo. Tinha muitas perguntas a respeito do HIV. Pensei: ‘Por que eu?’ E me dei conta de que tinha que eliminar um monte de clichês sobre o vírus que trouxe sobre dos anos 80 e 90 para o século 21“, afirmou à BBC.
Hoje, ele não enxerga grandes problemas na sua vida. “Não sinto nenhuma consequência negativa real muito além disso. Na Europa Ocidental temos o privilégio de poder contar com um bom sistema de saúde, que nos oferece tratamento gratuito”, completa.
Para o fotógrafo, com amigos e família, em poucos momentos o HIV é um ponto. Ele diz ainda que se não trabalhasse na causa dos soropositivos, dificilmente se lembraria que é portador do vírus. Mas, na hora de se relacionar, ainda há um problema.
“Uma experiência positiva aconteceu quando perguntei a uma garota: ‘Como você reagiria se dissesse que sou HIV positivo?’ E ela só sorriu e disse que isso deixaria as coisas muito mais interessantes. Mas também já encontrei pessoas que de cara me perguntaram: ‘posso pegar pelo beijo?’. Hoje posso dizer que tenho orgulho de conviver com o HIV e consigo transmitir isso à pessoa com quem estiver saindo. Não sempre, claro, às vezes bate o medo, o ceticismo, a rejeição”, contou à BBC.
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Christopher Klettermayer recomenda que todos os homens se testem e afirma que a masculinidade frágil é o principal motivo para a subnotificação de casos. “Muitos homens hétero não falam que têm HIV porque têm medo de serem chamados de gays ou de drogados”. Faça o teste com frequência, pelo seu bem e pelo bem de seus parceiros.