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Em 15 de março de 1998, morre Tim Maia

18 • 12 • 2020 às 15:14
Atualizada em 04 • 01 • 2021 às 17:55
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

Mesmo com vários problemas de saúde, Sebastião Rodrigues Maia insistiu em subir no palco do Teatro Municipal de Niterói para fazer sua apresentação no dia 8 de março. A banda começou a tocar o hit “Não Quero Dinheiro”, ele veio em direção ao microfone e cantou duas vezes a primeira frase da canção: “Vou pedir…”, disse, passando mal. Ergueu o braço, despediu-se do público e saiu do palco. Dali foi internado e passou uma semana hospitalizado no Hospital Universitário Antonio Pedro, até que no dia 15 de março de 1998, Tim Maia morreu, aos 55 anos.

Não é exagero dizer que ele foi o maior nome de nossa soul music. Amigo de adolescência de Roberto Erasmo Carlos, o músico carioca começou sua carreira como baterista do grupo Tijucanos do Ritmo, tocou com Roberto Carlos no grupo vocal The Sputniks, até viajar para os Estados Unidos, onde se apaixonou por aquele novo gênero que surgia da mistura do gospel com a canção pop. Voltou para o Brasil disposto a mostrar a novidade que havia aprendido e, como seus amigos, envolveu-se na indústria fonográfica: produziu o disco “A Onda É o Boogaloo”, de Eduardo Araújo, em 1968, e começou a se apresentar em São Paulo, participando de programas de rádio (com Wilson Simonal) e de TV (com Os Mutantes). O grupo paulista indicou o cantor para a gravadora Polydor e Tim, que a esta altura já tinha músicas gravadas por Roberto e Erasmo Carlos, lançou seu primeiro disco em 1970, com hits “Coroné Antonio Bento”, “Primavera” e “Eu Amo Você”.

A estreia foi um sucesso e Tim passou a gravar um disco por ano, sempre com seu nome, aos poucos pesando à medida em que a soul music norte-americana começava a virar funk. Seu sucesso trouxe a reboque a fama de excessos, sempre bebendo, cheirando e fumando sem parar. Tim Maia era um trator humano, sempre desafiando jornalistas e peitando técnicos de som a partir do palco. A figura rotunda e bem humorada, que transformava todas as confusões em que havia se metido em histórias hilariantes, ajudava a consolidar a fama de Tim Maia como uma das personalidades mais marcantes da música brasileira.

No meio dos anos 1970, largou tudo e entrou de cabeça na seita Cultura Racional, lançando dois discos clássicos — Tim Maia Racional Volumes 1 e 2 (em 1975 e 1976, respectivamente) — pelo seu próprio selo, a gravadora Seroma (nome tirado das primeiras sílabas de seu nome completo). Os discos fracassaram em vendas e tornariam-se cultuados e celebrados duas décadas depois, mas durante seu tempo obrigaram Tim a voltar para a rotina da indústria fonográfica, onde gravou mais dois discos com seu próprio nome antes de abraçar a disco music, com o clássico “Tim Maia Disco Club”, de 1978.

Atravessou os anos 1980 com sua banda Vitória Régia requentando os clássicos da década anterior e cultuando sua personalidade contagiante, dando entrevistas históricas e largando shows pela metade, isso quando aparecia. Retomou sua gravadora nos anos 1990, agora com o nome de sua banda (Vitória Régia Discos) e foi eternizado por Jorge Ben em “W/Brasil” como “o síndico”. A fama de mau e a presença de espírito nunca abalaram a carreira do cantor e compositor, uma das vozes mais fortes de nossa música e autor de clássicos de nosso cancioneiro. Que homem!

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Foto: Wikipédia


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