Diversidade

Grupo que teve caminhada perseguida por polícia dá aula sobre história negra a PMs

11 • 12 • 2020 às 16:27
Atualizada em 11 • 12 • 2020 às 16:37
Karol Gomes
Karol Gomes   Redatora Karol Gomes é jornalista e pós-graduada em Cinema e Linguagem Audiovisual. Há cinco anos, escreve sobre e para mulheres com um recorte racial, tendo passado por veículos como MdeMulher, Modefica, Finanças Femininas e Think Olga. Hoje, dirige o projeto jornalístico Entreviste um Negro e a agência Mandê, apoiando veículos de comunicação e empresas que querem se comunicar de maneira inclusiva.

Na manhã de 24 de outubro, um sábado, a ‘Caminhada São Paulo Negra, organizada pela Black Bird Viagem para contar a história de lugares e personagens ligados à cultura negra de São Paulo, foi monitorada por dois PMs — do início ao fim. O evento, de teor turístico e cultural, passou longe de ser algum tipo de protesto, tampouco de conter violência, mas os oficiais insistiram em acompanhar o grupo. 

A atitude da Polícia Militar causou mal-estar junto ao movimento negro, provocou a abertura de um inquérito no Ministério Público e de uma ação interposta pela Black Bird Viagem contra a PM. Após o constrangimento, a Polícia Militar de São Paulo decidiu participar da experiência a convite da empresa responsável pelo tour. 

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Negro livre 

Além disso, os responsáveis pela Black Bird deram uma aula a um grupo de oficiais do curso de especialização em direitos humanos, promovido pela própria corporação.O encontro, realizado nesta quarta (9) — véspera do Dia Internacional de Direitos Humanos —, e acompanhado pelo jornal Folha de São Paulo, durou cerca de uma hora.

“Aquele é o racismo estrutural. Pessoas negras juntas podem estar fazendo turismo e uma atividade cultural, não necessariamente uma manifestação. Aquela perseguição foi uma tentativa de criminalizar o trabalho que a gente faz”, disse ao G1 Guilherme Soares Dias, um dos sócios da BlackBird Viagem e que fez o tour com os policiais.

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Os PMs aprenderam noções sobre cultura negra, racismo estrutural e também receberam explicações a respeito do tour em que participaram, que passou por locais históricos de São Paulo como a Praça da Liberdade, palco de execuções de escravos condenados; pela Capela dos Aflitos, onde os executados eram velados; pela rua Sete de Abril e pelo Largo Paissandu. 

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De acordo com  Elizeu Soares Lopes, ouvidor da Polícia Militar, a Folha, a participação dos PMs do curso em direitos humanos na caminhada foi acertada no mês passado, após um encontro da cúpula da instituição e integrantes do movimento negro. 

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Fotos: Felipe Benício/BlackBird Viagens/Divulgação


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