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Em dois de fevereiro, religiosamente, é comemorado o dia de Iemanjá, o orixá feminino também conhecido como Rainha do Mar. Nesta data, seguidores de crenças de matriz africana, como a umbanda e o candomblé, realizam cultos para homenagear Janaína, um dos nomes associados à divindade. Eles vestem branco ou azul, e oferecem flores, barcos, espelhos e bijuterias a ela, que diferentemente do que imaginamos, é uma mulher negra com seio fartos (sim, esqueça a figura de Iemanjá branca).
– Simone e Simaria se recusam a citar Iemanjá ao cantar música do Natiruts
Com devotos espalhados por todo o Brasil, inclusive diversos músicos, como Dorival Caymmi e Clara Nunes, a Rainha do Mar foi homenageada em muitas canções da nossa MPB — a se perder a conta. Abaixo, uma seleção de faixas e interpretações belíssimas que cultuam um dos orixás mais celebrados e lembrados da cultura nacional.
“O mar serenou quando ela pisou na areia/Quem samba na beira do mar é sereia“, canta Clara Nunes na faixa “O Mar Serenou”. Apesar de ser filha de Ogum e Iansã (orixás do ferro e dos ventos e raios, respectivamente), a artista em diversas ocasiões cantou sobre Iemanjá. A mineira, aliás, por ser seguidora da umbanda, dedicou bota parte de seu repertório a cantar sobre divindades e sua fé inabalável.
Em boa parte de sua obra, Dorival Caymmi, o “Buda Nagô“, cantou sobre sua baianidade e religiosidade. Ele era era filho de santo de Mãe Menininha de Gantois, ialorixá do terreiro baiano descendente da Casa Branca do Engenho Velho, considerada a primeira casa de Candomblé da Bahia. Em seu terceiro disco, de 1957, “Caymmi e o Mar“, ele lançou “Dois de Fevereiro” e outras canções em homenagem à Iemanjá e ao mar.
Na canção de Dinoel, Vicente Mattos, Arlindo Velloso, Marisa Monte interpreta alguns dos nomes pelos quais Iemanjá é conhecida: “Oguntê, Marabô/Caiala e Sobá/Oloxum, Ynaê/Janaina e Yemanjá/São rainhas do mar“. A cantora, inclusive, já encarnou a orixá dos mares no Estadio Olímpico de Londres, em 2012. A homenagem serviu para celebrar os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.
Bethânia é filha de Iansã, a rainha dos raios e dos ventos. Ela é a menina de Oyá, e também filha de Ogum e Oxóssi. Candomblecista, a abelha rainha canta sobre sua fé em diversas músicas de sua obra. É claro que Iemanjá não ficaria de fora. “Yemanja Rainha do Mar” é de composição de Pedro Amorim e Sophia De Mello Breyner, e ficou marcada na voz da artista.
O pernambucano Otto canta sobre a Rainha do Mar no elogiado disco “Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos“, de 2009. A letra é uma colaboração entreKiris Houston, Matheus Nova, Marcelo Andrade, Jack Yglesias e Otto Nascarella.
Escrita por Gil e Othon Bastos, “Iemanjá”, de 1968, foi lançada durante a Ditadura Militar no Brasil.Neste período, as religiões de matrizes africanas sofriam represálias e seus seguidores eram duramente perseguidos.
Quem lembra da novela “Mulheres de Areia“, exibida pela TV Globo em 1993? Sim, é aquela das gêmeas Ruth e Raquel, interpretadas por Glória Pires. A música “Sexy Iemanjá”, de Pepeu Gomes, era tema de abertura do folhetim.
Metá Metá tem tudo a ver com as religiões afro-brasileiras. O nome da banda, por exemplo, significa “três em um” em iorubá. De fato, o trio formado por Juçara Marçal, Kiko Dinucci e Thiago França leva constantemente a temática religiosa em suas letras, como em “Rainha das Cabeças”, sobre Iemanjá.
“Os Afro-sambas” (1966), de Baden Powell e Vinicius de Moraes, é considerado um marco na MPB, por suas influências nos sambas de roda da Bahia, pontos de candomblé e instrumentos como o berimbau. O disco de oito faixas canta sobre orixás como Osanyin e, claro, Iemanjá.
Até a cantora de jazz americana Melody Gardot foi influenciada pela fé em Iemanjá. Em inglês, ela interpreta a canção que leva o nome do orixá. A faixa está disponível no disco “The Absence“, de 2012. O trabalho foi feito entre os desertos de Marrocos, nos bares de tango de Buenos Aires, nas praias do Brasil e nas ruas de Lisboa.
O dueto entre Serena Assumpção e Céu faz parte do disco “Ascensão“, último trabalho de estúdio de Serena, que morreu em 2016 em decorrência de um câncer. A ode a Iemanjá faz parte das 13 faixas do disco.
Olodum é Bahia, e Bahia é Iemanjá. É no estado do Nordeste onde se celebram as maiores festas em homenagem à Janaína. Então, nada mais justo que o grupo dedique uma canção apenas para ela.
O disco “Enredo”, de Martinho da Vila, traz sambas-enredo escritos pelo compositor natural do bairro de Vila Isabel, Zona Norte do Rio. No caso de “Prece ao Sol/Iemanjá Desperta”, ele se reúne com a força da natureza chamada Alcione para homenagear a orixá dos mares.
A canção do novo disco de Elza, “Deus é Mulher“, de 2018, não toca explicitamente no nome de Iemanjá, mas fala sobre águas, rios, marés, cachoeiras. Poderia também ser uma música sobre Oxum, quem sabe? É, de qualquer forma, uma música para mulheres de fibra. A faixa ainda tem participação do coletivo feminino de tambores Ilú Obá De Min.
No disco “Gal de Tantos Amores”, de 2001, a cantora interpreta a canção “Caminhos do Mar”, de Dorival Caymmi.
*Esta matéria foi originalmente escrita pela jornalista Milena Coppi para o site Reverb.
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