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‘I’ve Got a Feeling’: os 50 anos da última grande parceria entre John Lennon e Paul McCartney

18 • 12 • 2020 às 17:41
Atualizada em 04 • 01 • 2021 às 17:54
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

Em passados recentes, canções eram capazes de mobilizar o mundo. Elas guiavam culturas, paralisavam conflitos e uniam gerações. John Lennon e Paul McCartney eram uma dupla de compositores que sabia muito bem como fazer isso. Os beatles formavam um par com habilidade para encantar e destrinchar as profundezas de nossas emoções até mesmo com simples assobios. Foram cerca de 200 canções assinadas pela dupla, com a vasta maioria lançada originalmente pelos Beatles, formando assim o mais valioso catálogo da história da música popular.

Nem todas, porém, foram efetivamente escritas em conjunto por eles. Uma decisão contratual assinada em 1963 impôs que todas as músicas escritas pelos dois até o início dos anos 1970 fossem assinadas em dupla, não importando quem de fato fez o que. Mesmo que uma música fosse escrita inteiramente por somente um deles, como é o caso de “Yesterday”, de McCartney, ou “Strawberry Fields Forever”, de Lennon, a autoria era dividida. Na verdade, a partir de 1967, os dois raramente se encontravam para escrever, como faziam desde a adolescência e até o início do sucesso dos Beatles.

Mas enquanto a banda existiu, os dois jamais deixaram de criar juntos, fosse complementando o trabalho prévio do outro, fosse combinando ideias e pedaços de canções para compor uma terceira obra a dois. Assim, em janeiro de 1969, mesmo com a banda já se aproximando de seu fim, Lennon e McCartney reuniram inspirações para criar sua última grande parceria: “I’ve Got a Feeling”.

Otimismo e cinismo. Doçura e agressividade. Reflexão e explosão. Cabeça e coração. “I’ve Got a Feeling” é uma música de extremos, de paradoxos, da perfeita combinação entre personalidades e sentimentos diferentes. A primeira parte, gritada e visceral, com suas guitarras distorcidas e letras urgentes. Ela conduz o ouvinte com surpreendente naturalidade até a segunda parte da música, que tem uma melodia mais doce e versos mais críticos e reflexivos.

‘I’ve Got a Feeling’: os 50 anos da última grande parceria entre John Lennon e Paul McCartney

Em faixas anteriores, Paul e John já haviam explorado opostos dessa forma — foi assim no contracanto pessimista do refrão superotimista de “Getting Better”. Mas quem imagina que, em “I’ve Got a Feeling”, as vísceras vêm de Lennon e a doçura, de McCartney, vai se enganar: a primeira parte já havia sido escrita por Paul, e a segunda, por John. A última grande canção escrita pelos Beatles nasceu da união dessas duas metades inexatas.

No documentário “Let It Be” é possível ver como o contexto então sombrio e quase depressivo de uma banda em frangalhos, enfim se ilumina quando “I’ve Got a Feeling” ganha vida. Ao chegar ao terceiro movimento da canção — quando a primeira e a segunda parte se sobrepõem, e o canto suave e reflexivo de John se mistura à voz de Paul — é que o último momento de genialidade da dupla alcança seu auge.

“I’ve Got a Feeling” é um dos pontos altos do repertório da última apresentação ao vivo da banda, sobre o telhado da Apple, no centro de Londres. Foi executada duas vezes na ocasião — a primeira delas é a versão que entrou no disco “Let It Be” e que escutamos até hoje, com a participação do grande Billy Preston no piano elétrico. O álbum seria o último disco lançado pelos Beatles, há 50 anos, em maio de 1969 e, apesar das críticas divididas à época, hoje ele se mantém de pé como uma obra impressionante, com clássicos como “Let It Be”, “The Long and Winding Road”, “Get Back” e “Across The Universe”, além de joias menos celebradas mas não de brilho menor, como “Two Of Us” e “Dig a Pony”. Mas foi em “I’ve Got a Feeling” que Lennon e McCartney pela última vez se reuniram para de fato criarem juntos – e arrebatarem a face da música pop e do rock como ninguém, antes ou depois, foi capaz.

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