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Já era fim de noite em Natal, no Rio Grande do Norte, quando José Edilson Firmino Silva Júnior, quase dormindo, começou a receber mensagens e telefonemas de amigos que diziam apenas uma palavra: “Estourou, estourou!”. A primeira reação de Júnior Groovador, seu nome artístico, foi achar que algo havia acontecido no bairro Potengi, onde mora na capital potiguar. “Eu moro num lugar complicado aqui, sabe?”, ele contou ao Reverb, no dia seguinte da postagem. Mas não era nada disso. A notícia que chegava era boa: o ator e músico Jack Black, do Tenacious D, havia publicado um vídeo de Júnior em suas redes sociais pedindo ajuda para encontrá-lo.
Júnior Groovador beija a cabeça de Jack Black durante show da Tenacious D, no Rock in Rio 2019.
“Alguém pode por favor me colocar em contato com Júnior Groovador?”, escreveu o astro. Diante disso, o Rock in Rio fez o convite e ele aceitou: Júnior chegou ao Rio de Janeiro na sexta-feira (27) para conhecer a banda e se preparar para o momento icônico no Palco Mundo. Sem nem ficar nervoso. “Nervoso nada, é só alegria”, disse, pouco antes de sua participação no show da banda.
O interesse partiu de um dos vídeos que Júnior publica em um canal do YouTube. Com um baixo de cordas verdes e mostrando toda sua desenvoltura nos passos de dança, Júnior mistura “Smells Like Teen Spirit”, do Nirvana, com a levada do forró do Nordeste. Apesar do talento, Junior não trabalha atualmente com música. Ele atua como vigilante, mas sonha em voltar para o que lhe dá mais alegria. “Eu passo muito preconceito. As portas se fecharam para mim na música porque eu toco e danço.
A única banda que conseguiu fazer sucesso sendo irreverente foi o Mamonas Assassinas, que tinham esse comportamento que misturava irreverência e entretenimento”, diz o admirador de baixistas como Flea, do Red Hot Chili Peppers, e de Steve Harris, do Iron Maiden — ambos confirmados no line-up de 2019. “Sou apaixonado pelo Iron Maiden, seria um sonho prestigiar um show deles!”, diz sobre a possibilidade de assistir à banda. “Imagina ouvir ‘Fear Of The Dark’?”, sonha.
A carreira como músico não começou no baixo. Foi no violão e na guitarra que ele tocou os primeiros acordes, aos 14 anos. “Minha família é humilde. Eu ia para o supermercado Nordestão e pegava as revistinhas para aprender a tocar. Entrei para uma banda de rock tocando guitarra mas quando conheci o contrabaixo, foi amor à primeira vista”, relembra. A descoberta do gênero o transformou em um “roqueiro anárquico”, como ele diz. “Minha mãe, para acalmar esse meu jeito hiperativo — porque eu estava muito energético —, me colocou na igreja católica para eu tocar nas missas. Mas eu não conseguia ficar quieto. Eu era mais hiperativo do que o instrumento”, conta, aos risos.
Na igreja, ele integrava o grupo Renascer. Desde aquela época, já mostrava o talento em tocar e dançar ao mesmo tempo. O problema é que dentro da igreja o comportamento não era visto com bons olhos. “Eu ia com umas camisas de rock e já tinha esse meu estilo de querer dançar, aí as pessoas me reprimiam. Foi quando eu saí.”
Em 2002 ele deixou a banda cristã para tocar em uma de heavy metal. As influências do gênero, aliás, já vinham de muito antes. A primeira banda de rock que Júnior ouviu na vida foi o Metallica. “Uma loucura! Foi como se eu tivesse tomado uma dose de whisky”, brinca. Graças a um amigo do colégio Encanto, onde estudou em Natal. “Ele colocou o ‘Reload’ (álbum da banda americana) para tocar no walkman e a energia foi direto na minha artéria, uma coisa maravilhosa”, conta o músico, casado e pai de uma menina, Sofia Livia, de 10 anos (“Ela não toca, mas, escondida, pega os instrumentos e fica brincando”).
Quando o lado fã começou a falar alto, Júnior pedia dinheiro ao pai para comprar as camisetas da banda de James Hetfield. Das mãos de Seu José Edilson, hoje com 64 anos e fã de Black Sabbath, Yes e Jethro Tull, o baixista recebeu de presente o primeiro CD. “No começo da febre da MTV, meu pai juntou dinheiro para comprar uma antena e aquele CD”, relembra. Júnior ainda tem um irmão três anos mais novo, radialista. O lado comunicador, também presente nas veias de Júnior, é herança do pai, aposentado pelos Correios e que passou boa parte da vida adulta como líder sindical na cidade.
Antes da publicação de Jack Black, Júnior conhecia o trabalho do artista por conta de filmes como “Escola do Rock” e “Jumanji” e de algumas músicas do Tenacious D. Ele destaca “Beelzeboss”, que tem Dave Grohl, do Foo Fighters, na bateria, e integra o álbum “The Pick of Destiny”. Mas a sua preferida de fato é “Rize of the Fenix”, do álbum de mesmo nome. A escolha não é só pela presença firme do baixo na música cômica de Jack Black e Kyle Gass. A letra diz muito principalmente sobre o sonho que o baixista está vivendo. “O coração ardente de um campeão não pode ser extinto por uma falha ou um constrangimento. De jeito nenhum! Nós vamos renascer, assim como a fênix”, dizem os versos.
“O mais importante é o reconhecimento. As pessoas saberem que existe um artista no Rio Grande do Norte que pode fazer diferente, que pode dar algo de bom para o Brasil e fazer uma música alegre, uma mistura de rock com forró. Eu tenho uma enxada chamada contrabaixo e eu topo tudo com ela! Vamos vencer na vida!”
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