O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, excluiu diversas personalidades da lista de homenageadores pelo órgão, que tem como principal foco valorizar a cultura negra no país e combater o racismo. De Gilberto Gil a Vanderlei Cordeiro de Lima, passando por Madame Satã, diversas personalidades históricas e importantíssimas no nosso país foram retiradas da lista.
Performer ícone da negritude e do movimento LGBT no século passado, Madame Satã foi retirada da lista de homenageados da Fundação Palmares
Sérgio argumentou que manteria apenas homenagens póstumas e retirou personalidades como Benedita da Silva, Conceição Evaristo, Elza Soares, Gilberto Gil, Leci Brandão, Marina Silva, Martinho da Vila, Milton Nascimento, Paulo Paim (PT-RS), Sandra de Sá, Vanderlei Cordeiro de Lima e Zezé Motta.
Martinho da Vila, por exemplo, ficou honrado em ter saído da lista da Palmares. “Tem uma frase que é racista: negro de alma branca. No caso dele cabe perfeitamente”, disse à Folha sobre Sérgio Camargo. “Fiquei contente, porque me desvincula completamente daquela organização que não é mais minha, nossa, entendeu?”, disse.
Uma homenagem póstuma retirada foi à Madame Satã, uma das principais figuras do movimento LGBT no Brasil. Conhecida como “a primeira artista travesti do Brasil”, Madame era um ícone da Lapa, bairro boêmio no Rio de Janeiro e colocou o debate sobre gênero e sexualidade em lugares importantes para a nossa cultura. Sérgio Camargo argumenta que retirou Satã da lista por sua ficha criminal.
Apagá-lo da história é invisibilizar a luta de milhões de pessoas negras e LGBTs. Ainda que complexa, Madame Satã é de suma importância para a arte brasileira e do Rio de Janeiro. E Camargo pode tentar acabar com a história, mas a gente não esquece.
Madame Satã, aliás, teve sua história contada em um filme estrelado por Lázaro Ramos. O trailer está abaixo:
Confira a repercussão no Twitter:
O dito cujo que preside a fundação Palmares não cansa de dar close errado e de perseguir personas negras importante pra nossa história e país!
Madame Satã reflete oq foi-e ainda é-o Brasil da intolerância, do racismo e das desigualdades sociais.
Nesse perfil defendemos a honra de Madame Satã e de tantos outros pretos, “pederastas”, transformistas, prostitutas, cujo a história contada pelos “homens brancos de bem” faz questão de ignorar toda a perseguição que essa gente, nossa gente, sofreu para ter direito de viver. pic.twitter.com/LK4AAOlmzf
— Crítica social de grande complexidade (@brooklyn_1986) December 3, 2020
negro, desviante, dissidente, perseguido pela polícia, violentado no cárcere. a história de madame satã é a história de uma falsa abolição, de uma república que se funda na desumanização dos corpos negros, de um rio de janeiro cruel onde a malandragem é item de sobrevivência pic.twitter.com/hrgHNMkULr
É um delírio acreditar que, ao simplesmente excluir da lista de Personalidades Negras da Palmares, também se exclui nomes que marcam a história do povo negro deste país. De Madame Satã a Sueli Carneiro: algumas coisas não são possíveis de se apagar.✊🏿
Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.