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O que a Maria Chiquinha foi fazer no mato é problema dela e de mais ninguém. A mensagem faz parte de uma mudança na letra de um dos sucessos mais antigas do repertório de Sandy e Junior. Para a turnê “Nossa História“, a dupla mostrou que, em tempos de desconstrução, nunca é tarde para deixar para trás discursos machistas.
No último fim de semana, durante show em Fortaleza, os irmãos Lima cantavam “Maria Chiquinha“, quando, no fim da música, Júnior não completou a letra como a original diz.
‘Maria Chiquinha’: conheça a verdadeira história da música ‘consertada’ por Sandy e Junior
Na faixa, Genaro diz que vai cortar a cabeça de Maria Chiquinha, que retruca perguntando o que ele vai fazer com o resto (do corpo). A versão de 1991 gravada pela dupla termina com Junior (Genaro) cantando: “o resto… Pode deixar que eu aproveito”. Quando o público gritou o verso, o cantor corrigiu.
“Para com isso que isso não é aceitável! Não vou fazer nada com o resto, deixa em paz a Maria Chiquinha, ela pode fazer o que quiser no mato”, disse Junior, que foi aplaudido pelo público. O momento foi registrado por fãs que estavam no Centro de Eventos do Ceará.
“Maria Chiquinha” foi lançada em 1961 nas vozes da comediante Sônia Mamede (1936-1990) e do compositor cearense Evaldo Gouveia. A faixa, com autoria atribuída a Geysa Bôscoli (1907-1978) e Guilherme Figueiredo (1915-1997), irmão do ex-presidente João Figueiredo, tinha intenções humorísticas-teatrais: foi feita para o teatro de revista. Sônia era uma das principais vedetes desse gênero na época. Guilherme Figueiredo escreveu com o teatrólogo e jornalista mineiro Geysa Bôscoli (também parceiro musical de Custódio Mesquita) duas peças de teatro de revista, no começo dos anos 1960: “Miss France” e “A Imprensa É Livre”.
Há quem aponte semelhanças entre “Maria Chiquinha” e temas folclóricos europeus. O autor da letra, Guilherme Figueiredo, era francófilo, foi adido cultural em Paris e atuou como renomado tradutor de Molière. Uma de suas inspirações para essa composição pode ser “Quand Madelon” ou “La Madelon”, uma fanfarra escrita pelo chansonnier Louis Bousquet e musicada por Camille Robert, do tempo da Primeira Guerra Mundial, sobre uma mulher que tinha como amantes vários soldados e recusava o pedido de casamento de um deles argumentando “por que pegar apenas um homem, quando amo todo um regimento?”.
“Maria Chiquinha” foi sucesso nacional em 1977, na versão do paraibano Genival Lacerda, mestre do forró em duplo sentido. Também ganhou versão da pernambucana Marinês (1935-2007), a “rainha do xaxado”.
A cover gravada por Sandy e Junior nos anos 1990 entrou no álbum de estreia dos irmãos, “Aniversário do Tatu”, quando os dois ainda eram crianças.
A turnê “Nossa História” começou no dia 12 de julho, no Recife. O show, que comemora os 30 anos de carreira de Sandy e Junior, teve ingressos esgotados na maioria das cidades por onde vai passar. A série de apresentações termina no dia 13 de outubro, em São Paulo.
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