Futuro

Objetos criados por humanos superam pela 1ª vez a massa de seres vivos no planeta

14 • 12 • 2020 às 10:09
Atualizada em 05 • 03 • 2021 às 11:45
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Muitos dos problemas ambientais da atualidade nascem da incessante produção humana – da transformação de matéria-prima em artefatos, produtos e, com eles, embalagens, sacolas e novos e mais objetos. É fácil de supor de forma abstrata e vaga o imenso tamanho dessa produção, mas um estudo publicado recentemente na revista científica Nature e realizado pelo Instituto Weizmann de Ciência, de Israel, oferece de forma concreta a dimensão do problema: segundo o levantamento, pela primeira vez na história a massa dos objetos produzidos e construídos pelo ser humano superou a massa das formas de vida no planeta Terra.

Multidão cruzando estação de metrô em Hong Kong

A chamada massa antropogênica (termo que designa a ciência dedicada à geração e produção humana) ultrapassou, de acordo com a contagem, a marca de 1,1 teratonelada (equivalente a 1,1 trilhão de toneladas) no ano de 2020. Ao longo dos últimos 100 anos, segundo o estudo, esse valor vem dobrando a cada 20 anos. E as conclusões impressionantes do Instituto Weizmann não param por aí: a massa dos novos objetos produzidos pelos seres humanos supera semanalmente o peso corporal de todas as pessoas vivas.

Trânsito de automóveis em Bangkok

É difícil imaginar como tal cálculo pôde ser realizado com precisão mas, de acordo com cientistas envolvidos na pesquisa, o trabalho foi realizado utilizando diversas pesquisas ao longo dos anos, assim como dados e informações industriais de todos os cantos do planeta, e estabeleceram diversas metodologias de contagem para se chegar à tal resultado. A comparação se deu entre a soma da chamada biomassa viva em sua totalidade – incluindo árvores, vegetais, todos os animais, fungos, microrganismos e seres oceânicos, assim como todos os seres humanos, seus animais e plantas; do outro, tudo que foi produzido ou modificado pela humanidade – feitos de metal, concreto, tijolo, asfalto, vidro, e mais.

Mar de edifícios de Manhattan, em Nova York

O peso calculado, em ambos os casos, foi o seco, sem contar a presença de água, e os materiais  somente deslocados pela ação humana – como terra removida para as mais diversas construções – também não foram incluídos no cálculo. De acordo com a estimativa, se o crescimento dessa massa antropogênica permanecer na média atual, ela chegará a 3 teratoneladas em 2040 – alcançando o triplo do valor da biomassa terrestre. A pesquisa e a dimensão do problema surgem como argumento importante para a teoria do Antropoceno,  que afirma que a ação humana inaugurou uma nova fase geológica no planeta.

A Estação Espacial Internacional, também construída pela humanidade, e o planeta ao fundo

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