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Quando uma lhama atrapalhou o dueto entre Freddie Mercury e Michael Jackson

14 • 12 • 2020 às 16:53
Atualizada em 04 • 01 • 2021 às 18:22
Kauê Vieira
Kauê Vieira   Sub-editor Nascido na periferia da zona sul de São Paulo, Kauê Vieira é jornalista desde que se conhece por gente. Apaixonado pela profissão, acumula 10 anos de carreira, com destaque para passagens pela área de cultura. Foi coordenador de comunicação do Projeto Afreaka, idealizou duas edições de um festival promovendo encontros entre Brasil e África contemporânea, além de ter participado da produção de um livro paradidático sobre o ensino de África nas Escolas. Acumula ainda duas passagens pelo Portal Terra. Por fim, ao lado de suas funções no Hypeness, ministra um curso sobre mídia e representatividade e outras coisinhas mais.

O anúncio do lançamento de ‘Never Boring‘, uma caixa dos sonhos de qualquer fã de Freddie Mercury, trouxe algumas histórias da carreira solo do cantor à tona. Uma delas envolve as sessões de gravação de ‘There Must Be More to Life Than This‘, do disco ‘Mr Bad Guy‘, que marcou a estreia solo de Mercury em 1985.

A música é uma das faixas que aparecem remixadas no CD que integra a caixa que será lançada em outubro. Só com vocais de Freddie, como na versão lançada em 1985. A canção, que viria a ser um dueto entre Freddie e Michael Jackson foi composta pelo cantor do Queen para as sessões do álbum ‘Hot Space‘, lançado em 1981, mas não chegou a ser finalizada no estúdio. Dois anos depois, Freddie e Michael tentaram trabalhar em cima dela no estúdio caseiro onde o americano gravava, em Los Angeles. Mas um animal de estimação chamado Louie entrou no circuito.

A história não poderia ser mais surreal. Mercury e Jackson, que se tornaram amigos na década de 1980, resolveram fazer alguns duetos. Só que, como foi revelado no documentário de Rhys Thomas de 2012, “Freddie Mercury: The Great Pretender”, a parceria foi por água abaixo por causa de uma…lhama.

Jackson simplesmente resolveu ir para o estúdio acompanhado de seu animalzinho de estimação, mas Mercury não gostou nada da ideia e chegou a pedir para seu empresário Jim ‘Miami’ Beach ir “resgatá-lo” no estúdio. Quando Miami perguntou o que tinha acontecido, o cantor teria dito: “Michael está trazendo sua lhama para o estúdio todos os dias e realmente não estou acostumado a gravar com uma lhama. Pra mim chega! Me tira daqui!”. Infelizmente, isso levou a um fim abrupto de parceria e o fim do sonho de lançarem um sucesso juntos.

A música já tinha a base gravada, mas nunca foi finalizada. Chegou a ser trabalhada mais tarde, mas acabou entrando sem a participação de Jackson em “Mr. Bad Guy”. Talvez porque Mercury não tivesse tanto tempo para se dedicar a ela, pois tocou piano, sintetizador, fez os arranjos, além de ter sido responsável por parte da engenharia de som e por todas as composições. Curiosamente, Mercury podia não ser muito chegado a lhamas, mas era louco por gatos, tanto que dedicou o disco aos seus bichanos Jerry, Tom, Oscar e Tiffany e “a todos os amantes de gatos ao redor do universo”.

Depois da morte de Jackson, o guitarrista Brian May e o baterista Roger Taylor, do Queen, tomaram providências para garantir o lançamento de três duetos entre Mercury e Jackson, mas as partes chegaram em acordo na liberação de apenas um deles, justamente “There Must Be More to Life Than This”. Em 2014, mais de duas décadas depois da morte prematura de Mercury e depois de alguns vazamentos extra-oficiais, o dueto finalmente foi lançado na compilação “Queen Forever”.

O produtor William Orbit, famoso por seu trabalho com Madonna, montou o que muitos interpretam como um “Frankenstein” sonoro, com a base gravada pelo Queen lá em 1981, com os vocais de Freddie e Michael, que eles talvez não aprovassem, mas, bem… “O piano original de Freddie carrega a maior parte do DNA da música. O espírito de Michael e Freddie está ali, inteiro, arrepiando a espinha da gente”, definiu William. Mas, se não fosse a lhama Louie, teria sido diferente — e certamente teria rendido outras faixas.

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Foto: Reprodução


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