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Quem é Folami, a vocalista do Chic comparada a Diana Ross pelo chefe, Nile Rodgers, atração do Rock in Rio 2019

22 • 12 • 2020 às 15:29
Atualizada em 04 • 01 • 2021 às 18:08
Veronica Raner
Veronica Raner Jornalista em formação desde os sete anos (quando criou um "programa de entrevistas" gravado pelo irmão em casa). Graduada pela UFRJ, em 2013, passou quatro anos em O Globo antes de sair para realizar o sonho de trabalhar com música no Reverb. Em constante desconstrução, se interessa especialmente por cultura, política e comportamento. Ama karaokês, filmes ruins, séries bagaceiras, videogame e jogos de tabuleiro. No Hypeness desde 2020.

Para Nile Rodgers, ela soa mais como Diana Ross do que qualquer outra pessoa que ele já ouviu. As palavras elogiosas se referem a Folami Ankoanda-Thompson, uma das duas vocalistas do Chic, banda de disco music criada pelo guitarrista e produtor ainda nos anos 1970. A cantora, nascida na Bay Area, região de San Francisco, está no grupo há onze anos, tempo suficiente para Nile atestar com a propriedade o que disse sobre Folami. Quem a vê nos palcos percebe logo que além da voz impressionante, a cantora é puro carisma. Ela, Nile e o Chic se apresentam no Palco Mundo do Rock in Rio nesta quinta-feira (3), em sua segunda edição consecutiva do festival. Em 2017, o grupo transformou o Palco Sunset em uma verdadeira festa em um dos shows mais marcantes daquela edição.

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Kimberly Davis, Nile Rodgers e Folami: as vozes do Chic.

Aquela (que o público vê nos palcos) é quem eu sou de verdade. Eu sou muito expressiva e eu acho que isso deve vir da minha infância e do que eu aprendi na faculdade (Folami estudou artes cênicas e música na Universidade de Howard, nos EUA). Lá você aprende a ser entertainer, mas eu sempre tive esse dom. Meus amigos dizem que eu sou muito dramática, mas eu sou mesmo muito intensa em como eu me expresso, em como manifesto meus sentimentos. Quando eu canto é a mesma coisa. Eu me entrego em fazer a plateia se envolver, mesmo que haja uma barreira de idioma, por exemplo. Eu gosto de me expressar assim, seja com minha voz ou minha linguagem corporal”, explica a artista de 40 anos.

Da viagem que fez ao Brasil naquele ano, em 2015, ela guarda boas memórias também fora dos palcos. Guiada por uma amiga brasileira, visitou alguns dos principais pontos turísticos da cidade. “Foi incrível. Uma amiga me levou para conhecer lugares lindos. Fomos ao Pão de Açúcar, ao Cristo Redentor e visitamos aquelas escadas, como se chamam? Foi uma experiência incrível”, contou a artista, se referindo à Escadaria Selarón, monumento localizado na Lapa criado pelo artista Jorge Selarón (1947-2013) com peças de azulejo. Ela também arrumou tempo para conhecer a quadra da Mangueira, escola de samba tradicional do carnaval carioca.

Com a agenda de shows ao redor do mundo, não são poucos os lugares pelos quais a cantora já passou — nem as pessoas importantes que conheceu. Ao lado do Chic, Folami já perdeu a conta de quantos países visitou, mas se lembra bem dos nomes com os quais já dividiu o palco: Bono, Prince e até Nelson Mandela são alguns deles. A lista é enorme e inclui até o ex-casal número 1 dos EUA, Barack e Michelle Obama.

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Folami, de vestido azul, ao lado de Michelle e Barack Obama, na despedida do ex-presidente americano da Casa Branca.

Essa foi uma das melhores noites da minha vida”, afirma, empolgada, sobre a festa em que se apresentou na Casa Branca. “Era a despedida dele (Obama) da Presidência, a última festa antes dele sair. Quando eu percebi, eram 5 ou 6 horas da manhã, Questlove (DJ) estava tocando e, de repente, todos estavam dançando até o chão: Barack, Michelle, acho que Janelle Monaé e Jamie Foxx, todos dançando”, conta. Ela lembra ainda que, ao ir ao banheiro durante o evento, se deparou com Meryl Streep procurando pelo marido. “Foi um dia memorável.

Folami nasceu em 1979, ano em que o Chic conquistou o seu segundo topo em uma lista da “Billboard”. A música era “Good Times”, tocada até hoje no setlist do grupo. E ai de quem tirar. “Toda vez que eu penso sobre isso, ano após ano, eu sempre fico muito honrada. Fazer parte de uma banda de mais de 40 anos que ainda toca as mesmas músicas e as pessoas ainda a amam é especial”, diz a artista, que cresceu perto de São Francisco, na Bay Area. Filha mais nova de cinco irmãos, ela teve a quem puxar. Seu pai e sua mãe também cantavam. Ela não sabe se conheceu o Chic graças a eles, mas se recorda de, já muito nova, apreciar o som que Nile Rodgers e o saudoso baixista Bernard Edwards (1952-1996) faziam.

Eu tinha uns cinco ou seis anos, ainda era uma criança, mas eu sabia as músicas sabe-se lá por que. Eu nunca soube que o nome daquela banda era Chic, mas eu conhecia as músicas”, diz. Folami entrou para o Chic após chamar a atenção de Sylver Logan Sharp, então uma das vocalistas do grupo. Um tempo depois, entrou para o grupo no lugar de outra vocalista que estava de saída.

Após mais de uma década ao lado de Nile Rodgers, ela se refere com carinho ao “chefe”. Folami garante que mesmo depois de tantos problemas de saúde — o músico enfrentou dois cânceres na última década —, Nile nunca esteve melhor. “Nunca houve um momento em que nós achamos que as coisas seriam diferentes. Nile está muito bem, melhor do que jamais o vimos. Ele sempre foi a pessoa que se manteve firme. Muitas vezes a gente estava mais para baixo, mas ele seguia forte.”

Folami Thompson já esteve no Brasil mais de uma vez ao lado do Chic.

Além do Chic, a cantora também tem projetos paralelos. No fim de 2017, a cantora lançou um single, “Four To The Floor”, produzido por seu namorado, o músico Lester Shaw. Juntos, aliás, os dois lembram os jovens Diana Ross e Marvin Gaye. Tanto Folami quanto Lester se inspiram em figurinos vintage dos anos 1970 para se vestir. “Na primeira vez que eu encontrei ele, eu ouvi a voz dele e eu fiquei impactada. Ele tem uma voz maravilhosa e as pessoas param a gente na rua porque ficam maravilhados”, conta, sobre o estilo do casal. Recentemente, os dois fizeram um ensaio de fotos que destaca ainda mais as semelhanças entre Lester & Folami e Diana & Marvin.

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O nome de Folami vem de origem iorubá, etnia africana bastante presente dentro das cultura americana e brasileira, e quer dizer “me respeite e me honre”. As palavras não servem para a cantora como um significado vazio. Ela as usa como um lema. “Eu cresci em uma casa sendo respeitada e honrada e aprendi a respeitar todas as pessoas. Sempre aprendi a ter uma mente fortalecida em favor da igualdade entre todos. Eu sou uma mulher negra e preciso falar para a minha gente. Você vê mulheres sem autoestima, sem condições financeiras de se sustentarem, com famílias aos pedaços. Eu sempre serei uma voz por elas e por todos aqueles que buscam igualdade”, diz.

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Fotos: Getty Images e Instagram


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