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Que o primeiro Rock in Rio escancarou o potencial do mercado de música do Brasil para o mundo, os fãs do festival já sabem. Mas além do encanto e das inovações apresentados pela edição de 1985, o legado de sucesso do evento segue forte e em constante reinvenção até hoje, após 35 anos de história. Com o maior palco do mundo para a época (e o primeiro a iluminar a plateia!), duração de dez dias e 31 atrações nacionais e internacionais, o Rock in Rio I completou, em 2020, três décadas e meia de existência com uma coleção de momentos inesquecíveis — e bastante cinematográficos.
Responsável por um line-up que reuniu, no total, mais de 1,3 milhão de pessoas em Jacarépaguá, no Rio de Janeiro, o maior festival de música do planeta gerou material audiovisual capaz de causar fortes palpitações nostálgicas até em quem nem era nascido (ou adulto o suficiente) em meados dos anos 1980.
Queen, Ney Matogrosso, Iron Maiden, Kid Abelha, Os Paralamas do Sucesso, AC/DC, Rod Stewart, Ozzy Osbourne, Rita Lee, Whitesnake, Scorpions e Lulu Santos foram apenas alguns dos nomes presentes na edição pioneira do Rock in Rio. Pela grandeza, o aniversário de 35 anos do acontecimento que colocou o Brasil — e a própria América do Sul — na rota dos shows internacionais (e de grandes eventos de música) merece nada menos que um compilado de (também) 35 vídeos para rememorar os nada poucos momentos de tirar o fôlego.
Seminu e saradíssimo aos 43 anos, Ney Matogrosso abre o Rock in Rio I com “América do Sul”, canção de Paulo Machado que conclamava: “Desperta, América do Sul”. Na testa, costurada uma pena do gavião real, que definiu a potência da representativa, política e simbólica apresentação do cantor.
“O grande rei do rock no Brasil”, segundo o seu “irmãozinho” Roberto Carlos, Erasmo doma a ira dos metaleiros com um medley de rock’n’roll, dedicado a Big Boy, Janis Joplin, Jimi Hendrix, John Lennon e Elvis Presley. Começando com “Minha Fama de Mau”, ele esquentou ainda mais a noite dos headliners Whitesnake, Iron Maiden e Queen.
Grávida do sexto filho (Kriptus-Rá) e apresentada por Rita Lee e Alceu Valença, Baby Consuelo se apresenta no primeiro dia de Rock in Rio. Subvertendo tudo com “Sebastiana”, um coco eternizado por Jackson do Pandeiro (e composto por Rosil Cavalcanti) num arranjo arretado, ela e Pepeu Gomes foram a terceira atração da história do festival.
Grande amigo de Jovem Guarda, Roberto Carlos não poderia deixar de ver (e de se emocionar) com a apresentação de Erasmo em um evento tão importante. Em entrevista ao lado da ex-mulher e atriz Myrian Rios, o “rei” também demonstra interesse em assistir às performances de Queen, Baby e Pepeu, Rod Stewart e, sim (!), da punk Nina Hagen.
“Eu não acho que isso aqui é o auge, o esplendor, e que agora eu tenho que me deitar nos louros, não; ainda quero fazer muita coisa a mais”, diz Ney após se apresentar no palco de 80 metros de boca de cena durante conversa com a jornalista Leda Nagle. “Mas valeu, foi muito bom”, completa.
Com guitarradas frenéticas e letra totalmente antimasculinidade frágil, Pepeu Gomes incendeia a plateia do Rock in Rio I, que vibrou junto durante a potência do som de “Masculino E Feminino“. Antecipação de temas muito debatidos atualmente, ele canta: “Ser um homem feminino / Não fere o meu lado masculino / Se Deus é menina e menino / Sou masculino e feminino”.
O show (com cheiro e raiz de Novos Baianos), levou o público, Baby, Pepeu, a bateria e os telespectadores ao êxtase. O choro desembestado aumentava de velocidade junto à animação e à presença de palco da cantora e dos instrumentistas. Um belo grito de brasilidade.
Vamos combinar que não é tarefa das mais fáceis aguentar um dia inteiro de calor (em especial, no verão do Rio de Janeiro) enquanto se espera a banda que mais se quer ver tocar no Rock in Rio. Por sorte, alguns fãs de Iron Maiden perceberam que o chafariz da Cidade do Rock poderia amenizar a alta sensação térmica e, claro, não pensaram duas vezes. “Melhor do que isso? Só o Iron Maiden mesmo”, diz um deles, admirado.
A loucura e o fervor fazem parte das primeiras vezes, principalmente quando o assunto são festivais de música — e não seria diferente com o primeiro Rock in Rio. Rod Stewart é aclamado no aeroporto durante o aniversário de 40 anos, enquanto, na rodoviária, chegam fãs de todas as partes do Brasil e do exterior para aclamar os músicos (dentro e fora do evento).
“Sangue ou um pequeno truque para dar mais clima ao show?” pergunta o narrador da reportagem sobre o corte na testa de Bruce Dickinson, incapaz de diminuir a energia do músico durante a apresentação do Iron Maiden. O mesmo acontece com o guitarrista Rudolf Schenker, quem sofre um ferimento no supercílio e acaba no hospital após o show. Mas, não, nada grave.
“I Want To Break Free” não é uma música feita para a comunidade LGBT e, não, Freddie Mercury não se considerava o líder do Queen. “Não sou ‘o general da banda’, somos quatro pessoas iguais, quatro membros” explica à Glória Maria, então repórter do “Fantástico”.
“Vocês estão felizes? Wanna sing with us? This is very special for you” pergunta Brian May à plateia (a partir do minuto 23:32 do vídeo), no dia 11 de janeiro de 1985. Por conta do belíssimo coro brasileiro e pela emoção trazida tanto pela faixa, quanto pela voz de Freddie junto ao violão, o momento se tornou símbolo das experiências mágicas proporcionadas pelo Rock in Rio — e, sem dúvida, marco principal da primeira edição.
A força e entrega do Queen ao vivo no Rock in Rio I foi de todo eletrizante. Em verdadeiro espetáculo, “Bohemian Rhapsody” uniu luzes, vozes e instrumentos de maneira a arrepiar quem a assiste da mesma forma, mesmo 35 anos depois. No vídeo, a canção começa aos 36 minutos e 33 segundos.
Escalação inicialmente criticada, o músico carioca Ivan Lins soube dar a resposta no palco. Com grande musicalidade e, sim, todo o punch exigido por um festival de rock, ele abriu o segundo dia de Rock in Rio para as atrações internacionais Al Jarreau, James Taylor e George Benson.
Escrita pela cantora e compositora americana Carole King, a faixa lançada em 1971 estourou nas paradas internacionais como número um do top 100 da “Billboard” na voz de James Taylor, que a interpretou de maneira sensível e caprichada no Rock in Rio I. Sucesso de toda uma geração, a faixa proporcionou carinhos e abraços espalhados pelos casais e amigos da plateia.
No que poderia ser considerado um visual afrofuturista, Gilberto Gil conquista a animação e o coro do público com seu reggae à moda brasileira. Uma das canções mais incansavelmente entoadas de todo o repertório do tropicalista, “Vamos Fugir” havia sido lançada em 1984, no anterior à apresentação do músico no primeiro palco do Rock in Rio.
Ainda recentes no cenário musical dos anos 1980, bandas e artistas representantes do rock nacional da época como Kid Abelha e Eduardo Dusek foram rechaçados por parte do público que ainda não valorizava atrações do gênero no Brasil. Por isso, durante o show dos Paralamas do Sucesso no dia 16 de janeiro de 1985, Herbert Vianna dá uma baita bronca na plateia: “Em vez de vir jogar pedra, fica em casa aprendendo a tocar guitarra. Quem sabe no próximo você está aqui no palco”, diz.
Apresentado por Nelson Motta “jovem” (40 anos na época), Moraes Moreira entra em palco como a segunda atração nacional do dia 16 de janeiro de 1985. Com seu vocal acelerado junto ao frevo eletrificado que o consagrou, o baiano foi um dos brasileiros a diversificar os ritmos do festival (e a botar a plateia para pular).
Após mais de vinte anos de Ditadura Militar, a eleição indireta de Tancredo Neves trouxe um horizonte de esperança para a democracia brasileira. Para Cazuza, então vocalista do Barão Vermelho, foi simbólico o coro da plateia em “Pro Dia Nascer Feliz“. Em entrevista à Leila Cordeiro, ele fala sobre a esperança no “dia novo”, logo depois de receber um leve banho de água do amigo e baterista Guto Goffi.
Após show sob (muita) chuva, Elba Ramalho foi entrevistada por Leda Nagle e se mostrou muitíssimo grata ao clima e ao público. “Uma performance perfeita! Eu acho que eu estava, assim, iluminada pelos deuses do canto; estava com uma rosa dos ventos na garganta”, diz.
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