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Um mochilão com um estúdio de 50 quilos nas costas: a empreitada do músico Juan Wauters

23 • 12 • 2020 às 15:17
Atualizada em 04 • 01 • 2021 às 16:53
Veronica Raner
Veronica Raner Jornalista em formação desde os sete anos (quando criou um "programa de entrevistas" gravado pelo irmão em casa). Graduada pela UFRJ, em 2013, passou quatro anos em O Globo antes de sair para realizar o sonho de trabalhar com música no Reverb. Em constante desconstrução, se interessa especialmente por cultura, política e comportamento. Ama karaokês, filmes ruins, séries bagaceiras, videogame e jogos de tabuleiro. No Hypeness desde 2020.

A expressão “carregar a casa nas costas” é quase inteiramente verdade para Juan Wauters, músico uruguaio radicado nos Estados Unidos. Com residência fixada em Nova York pelos últimos 16 anos, Juan passou sete meses em uma empreitada ousada: movido pela vontade de resgatar suas raízes, decidiu viajar por países latinos e gravar um álbum inteiro com músicos locais. O projeto pode parecer pouco incomum não fosse um detalhe: a produção foi feita com um estúdio portátil de 50 quilos carregado por Juan para cima e para baixo.

“Eu fiz todo meu equipamento caber em duas malas, além da minha mochila. Em todos os aeroportos eles vasculhavam minhas bagagens e eu tinha que explicar o que eu estava fazendo para me liberarem. Só no México paguei uma taxa extra por conta do meu equipamento”, contou o artista, em entrevista por e-mail ao Reverb.

Com uma sonoridade de indie rock com camadas de folk, Juan produziu, na estrada, seu terceiro álbum, “La Onda de Juan Pablo”. Com data de lançamento prevista para 25 de janeiro, o projeto tem canções feitas em parceria com artistas locais de ArgentinaPeruChileUruguaiMéxico e Porto Rico. Sem colocar o Brasil na rota, Juan tratou de compensar a “desfeita” em uma turnê pelo país. Ele se apresenta nesta quinta-feira em Belo Horizonte (13), depois segue para São Paulo (14) e termina a série de shows no sábado, no Rio de Janeiro (15).

“A ideia principal era gravar um álbum em espanhol, mas aí o tempo e as oportunidades carimbaram o projeto. Eu fui para o México para me inspirar e compor algumas músicas. Enquanto eu estava lá, fui convidado para fazer um personagem em um filme na Argentina. Eu aceitei e tive essa ideia de gravar um álbum em uma viagem no caminho de volta para Nova York, visitando países e gravando com músicos locais”, explica.

A música, em seu lugar de origem, soa e se sente melhor

Entre as lembranças da viagem, Juan destaca que nem sempre era recebido de braço abertos pelos artistas com os quais se encontrou. Alguns não se interessavam pelo projeto, enquanto outros não só toparam, como se tornaram grandes amigos. Para ele, foi especial ver a música tradicional de diferentes culturas em seus contextos de origem.

“A música em seu lugar de origem soa e se sente melhor. Muitos artistas que encontrei estavam abertos para trabalhar comigo, outros não. Muitos pediram dinheiro adiantado, muitos se recusaram a receber o pagamento. Muitos se tornaram amigos, muitos nunca entraram em contato novamente. Foi ótimo ver que as pessoas são pessoas em todos os lugares e que, felizmente, somos todos diferentes”, conta o artista. No site de Juan, é possível acompanhar relatos e registros da viagem feitos pelo próprio músico. Aos poucos, o cantor tem publicado vídeos que mostram suas experiências nos países pelos quais passou em videoclipes individuais feitos para cada música.

Juan não descarta aproveitar a passagem pelo Brasil para pensar em produzir algo por aqui. Ele diz que adoraria repetir o projeto em lugares para onde ainda não visitou. “Eu sinto como se compartilhar a minha música e contribuir com outras pessoas fora da minha zona de conforto fosse algo que me enriquecesse”, diz.

*Esta matéria foi originalmente publicada no dia 12/12/2018, no site Reverb.

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Fotos de destaque: Getty Images


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