A TV Record, em pleno 2021, demonstrou atraso e preconceito em sua linha editorial com uma matéria racista e de intolerância religiosa e cultural sobre a cantora Beyoncé.
Exibida no programa religioso ‘Fala Que Eu te Escuto’, a afirmação associou seu último lançamento, ‘Black is King’ – álbum visual disponível no Disney+ -, com bruxaria e ‘magia negra’.
Bispo Adilson Silva, apresentador do ‘Fala Que Eu Te Escuto’
No mesmo vídeo, uma acusação feita pela ex-baterista da cantora, Kimberly Thompson, é utilizada como exemplo para falar sobre o tema, apresentado o conteúdo como uma prática sobrenatural que faz mal às pessoas. Antes de chamar a reportagem, o bispo Adilson Silva disse o seguinte.
“Tem muita gente se envolvendo com magia negra, inclusive pessoas famosas”, bradou e apresentador da Igreja Universal.
O caso revivido pela matéria da Record aconteceu em 2019, quando a baterista foi à justiça norte-americana afirmando que Beyoncé praticou bruxaria e magia negra contra ela. Em meio ao conteúdo da reportagem, cenas de ‘Black is King’ aparecem no material editado pela emissora para ‘ilustrar’ o que seria bruxaria e magia negra. O filme exibe, em suma, cenas de costumes e danças africanas.
Por mais que a acusação tenha acontecido de fato, o que os fãs e admiradores que se manifestaram nas redes sociais apontam como problemático é escolha de Beyoncé, uma mulher negra, para ilustrar a reportagem com cenas que fazem alusão ao culto de religiões de matriz africana – alvos constantes de preconceito e até perseguição.
A resposta nas redes sociais foi quase imediatista e internautas subiram a hashtag #RecordRacista para protestar o conteúdo.
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Em pleno 2021, a @recordtvoficial fez uma matéria insinuando que Beyoncé pratica “magia negra e bruxaria”.
Enquanto falavam essas atrocidades, a emissora usou imagens de “Black Is King”, filme de Beyoncé que exalta a cultura africana! #RecordRacistapic.twitter.com/okcyDUbPx3
Mexeu com a Beyoncé mexeu com a casa de maribondo!
A tag #RecordRacista já se encontra em 3º lugar no Twitter após a mesma fazer uma matéria extremamente tendenciosa falando que a cantora fazia “Magia Negra”.
Em pleno 2021, um canal de concessão pública apresenta uma matéria que demoniza as culturas africanas, acusando Beyoncé de praticar “magia negra”, e dizendo que esse termo significa a prática sobrenatural para o mal. Não tem outro nome se não racismo. #RecordRacista
É BIZARRO como crente rico tem liberdade de ser criminoso nesse país e gozar de tamanha impunidade para repetir seus crimes normalmente tempos depois.
Hoje a Record TV associou o Black Is King, filme da Beyoncé, à bruxaria, demonizando a cultura preta. Um absurdo #RecordRacistapic.twitter.com/vI7SJAzNNX
Isso não é magia negra!! isso é a beyoncé dando destaque pra uma cultura e um povo que sempre foram apagados e demonizados #RecordRacistapic.twitter.com/IcLsKw5xAM
Sério que tem gente chocada com essa matéria nojenta da Record? Se esqueceram das vezes que essa emissora fez blackface nos programas? E o pior é que essa bosta continua no ar… #RecordRacistapic.twitter.com/VhLFWDsuPj
eu sempre fui de igreja evangélica, porém, eu acho a religião africana uma coisa maravilhosa, eu posso não participar mas eu respeito como se fosse no que eu acredito.
Sem explicação pra record sendo racista por causa do que a bey queria representar.#RecordRacistapic.twitter.com/2ahpCQka7f
Não é a primeira vez que a Record demonstra todo seu preconceito e intolerância religiosa,em 2018 silenciaram o “fé na sua mandinga” da música da IZA#RecordRacistapic.twitter.com/AHqxRBctuF
Karol Gomes é jornalista e pós-graduada em Cinema e Linguagem Audiovisual. Há cinco anos, escreve sobre e para mulheres com um recorte racial, tendo passado por veículos como MdeMulher, Modefica, Finanças Femininas e Think Olga. Hoje, dirige o projeto jornalístico Entreviste um Negro e a agência Mandê, apoiando veículos de comunicação e empresas que querem se comunicar de maneira inclusiva.
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