A bioquímica húngara Katalin Karikó foi uma das pesquisadoras pioneiras no estudo da tecnologia de RNA mensageiro (mRNA) que deu origem, em 2020, à vacina desenvolvida pelos laboratórios Pfizer e BioNTech contra o coronavírus. Atualmente cogitada para o Prêmio Nobel, chega a ser difícil imaginar o quanto a cientista precisou esperar até ver todo o trabalho reconhecido.
Aos 66 anos, Katalin é hoje a vice-presidente da gigante farmacêutica alemã BioNTech e já estuda o mRNA há 40 anos. Carinhosamente chamada por alguns de “a mãe da vacina contra a Covid-19“, a cientista sofreu com a rejeição, com o questionamento e com a falta de verba para viabilizar as próprias pesquisas.

Katalin Karikó, a pesquisadora húngara considerada a ‘mãe da vacina contra a Covid-19’
Katalin se formou como PhD em Bioquímica pela Universidade de Szeged, na Hungria, e depois engatou em uma carreira de pesquisa na Academia de Ciências do país.
No entanto, depois de ser dispensada do cargo, Karikó mudou-se para os Estados Unidos em 1985 ao receber um convite da Temple University, na Filadélfia.
Em seguida, ela acabou se transferindo para a Universidade da Pensilvânia, onde as dificuldades na vida profissional começaram.
Naquela época, a pesquisa de RNA mensageiro era extremamente popular, mas logo depois que Katalin chegou, o método para usar o material genético de um vírus com o objetivo de ordenar a um corpo humano que duplique certas proteínas para combater o vírus era considerado muito radical e muito arriscado para financiar.
Assim, os pedidos de subsídios fracassados começaram a se acumular na mesa da bioquímica húngara, mas ela não se intimidou.
Contudo, dez anos depois de chegar à Filadélfia, ela foi rebaixada de seu cargo na universidade e foi diagnosticada com câncer.

Katalin na Universidade da Pensilvânia, em 2005, ano em que experimentos da cientista com mRNA mostraram resultados animadores
“Normalmente, nesse ponto, as pessoas simplesmente dizem adeus e vão embora porque é horrível”, disse Karikó, em entrevista ao site “Stat“, em novembro de 2020.
“Pensei em ir para outro lugar ou fazer outra coisa. Eu também pensei que talvez eu não fosse boa o suficiente, não fosse inteligente o suficiente”, completou ela.
Mas foi em 2005 que a luz voltou a brilhar para a bioquímica. Katalin se juntou com o imunologista Drew Weissman, e, juntos, os dois descobriram uma modificação possível na sequência genética do mRNA para evitar inflamações exageradas com o uso da tecnologia mensageira.
Dessa forma, foram Karikó e Weissman, repetidamente subestimados e rejeitados pelos acadêmicos da Pensilvânia, que associaram o método de terapia gênica de mRNA com os testes da Pfizer para criar a vacina que já protegeu milhões de pessoas.
Por conta das contribuições científicas para a humanidade, o par está sendo cogitado para o Prêmio Nobel, que também planeja incluir o famoso intelectual britânico Richard Dawkins e o CEO da Moderna, Derek Rossi.
Com informações de “Good News Network“.