Debate

Censura: CGU propõe que professor fique 2 anos sem criticar Bolsonaro para ter processo suspenso

04 • 03 • 2021 às 17:09
Atualizada em 04 • 03 • 2021 às 17:40
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

O ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pedro Hallal, teve de acatar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) em que ele se compromete a não criticar o presidente da república Jair Bolsonaro por dois anos.

O documento, que tem cheiro forte de censura, foi publicado pela Controladoria Geral da União (CGU) após pedido do deputado bolsonarista Bibo Nunes (PSL-RS).

Hallal foi alvo de críticas do presidente após ser infectado pelo novo coronavírus

Censura 

O Termo de Ajustamento de Conduta foi emitido sob a justificativa de que Hallal teria ferido o artigo da lei 8.112, que proíbe funcionários públicos de “promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição”. 

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Segundo o entendimento da Controladoria Geral da União, o ex-reitor da universidade e ferrenho crítico de Jair Bolsonaro durante a pandemia do novo coronavírus criticou o presidente em espaços de repartição. No caso, o pesquisador havia feito comentários sobre Bolsonaro no canal do YouTube da Universidade Federal de Pelotas.

“Olha, vou seguir manifestando as mesmas opiniões que eu manifesto até hoje, em todos os assuntos sobre os quais sou consultado. Especialmente sobre a Covid-19. Esse processo, formalmente, não tem nada a ver com a Covid-19, mas todo mundo sabe que, na prática, ele tem tudo a ver com a Covid-19. Então, vou seguir manifestando livremente as minhas opiniões sobre a tragédia, o fracasso que é a ação do governo federal no combate à pandemia, que tem custado as vidas de tantos brasileiros. Estão morrendo pela incapacidade do governo em aplicar as medidas sanitárias defendidas pela ciência”, afirmou Hallal à Carta Capital em entrevista recente.

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Hallal, que é infectologista, ganhou notoriedade após comandar o maior estudo sobre resposta imune coletiva do novo coronavírus através de testes sorológicos, o EPICOVID. O professor afirmou que aceitou o TAC para dar fim ao processo administrativo e disse que irá cumprir a decisão da Controladoria. Ele publicou no The Lancet um apelo à comunidade internacional afirmando que o governo federal está censurando cientistas no país.

No artigo, o professor relatou os ataques sofridos do próprio presidente via Twitter. Quatro dias após uma reunião com o Ministério da Saúde, Hallal foi infectado pelo novo coronavírus. Bolsonaristas o acusaram de não seguir protocolos de segurança contra a covid-19.

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