Sustentabilidade

Coroa de abacaxi vira matéria-prima para a produção de embalagem plantável

09 • 03 • 2021 às 10:56 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Não é por acaso que o abacaxi veste uma coroa de rei: em tempos em que a sustentabilidade são palavras de ordem por um futuro melhor, a fruta que já se revelou excelente matéria prima para feitura de couro vegetal agora vem sendo utilizada para feitura de uma embalagem totalmente ecológica e reaproveitável. O papel foi desenvolvido pela designer filipina Pat Mangulabnan a partir da coroa e de folhas descartadas do abacaxi para embalar uma barra de cereais, e ao invés de ser descartada para produzir mais um lixo a poluir o planeta, depois de consumido o produto o invólucro pode ser plantado – para que seu ciclo realmente recomece.

A embalagem "Sprout" feita com papel Pinyapel, de abacaxi

A embalagem “Sprout” feita com papel Pinyapel, de abacaxi

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A iniciativa é parte do movimento por lixo zero, pelo desenvolvimento de produtos livres de embalagens, e oferece uma alternativa importante para alimentos que, por motivos sanitários, não podem ser vendidos sem qualquer proteção. Batizada de “Sprout” (ou “broto”, em tradução livre), a embalagem foi feita com Pinyapel, papel criado a partir do descarte do abacaxi, e desenvolvida por Mangulabnan no Centro de Design das Filipinas pensando também como produto capaz de impulsionar a economia das comunidades locais. Em sua fabricação foram incluídas à receita uma série de sementes não invasivas que permitem que a embalagem retorne à natureza para literalmente renascer.

A embalagem feita de abacaxi com uma barra de cereal dentro

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Para ser 100% biodegradável e ter um ciclo realmente ecológico, porém, a embalagem “Sprout” não pode conter qualquer ingrediente poluente, e por isso a embalagem é impressa com tinta de soja orgânica e ainda traz uma outra camada de proteção, feita com amido comestível. “O design da embalagem plantável da Sprout permite que os consumidores interajam melhor com o produto, dá a eles um senso de realização e responsabilidade, bem como reforça uma mudança comportamental positiva em direção a uma vida mais sustentável”, afirmou a designer.

O ciclo completo da embalagem "Sprout", feita com papel à base de abacaxi

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O abacaxi é, portanto, mais uma fruta versátil, capaz de ser tornada em couro para sapatos e vestimentas, mas também em embalagem, em papel, e não só: se simplesmente consumida, ela oferece efeito analgésico comprovado pela ciência, e ainda auxilia nossa digestão, melhora nossa imunidade, além, é claro, de refrescar e oferecer seu sabor de realeza. Visto que o Brasil é o segundo maior produtor de abacaxi do planeta – atrás somente da Costa Rica – essa também pode ser uma boa notícia econômica por aqui, já que uma produção verde e sustentável é o único futuro possível para qualquer indústria ou economia.

A embalagem "Sprout", feita com papel à base de abacaxi

A embalagem "Sprout", feita com papel à base de abacaxi

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