Ciência

Covid: Brasil pode fabricar variantes em massa com vacinação sem lockdown, dizem cientistas

05 • 03 • 2021 às 13:26
Atualizada em 05 • 03 • 2021 às 13:43
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

A vacinação caminha a passos lentos no Brasil. As novas variantes da covid-19 não. Após a chamada variante ‘P1’ colapsar todo o sistema público de saúde em Manaus e se espalhar pelo país, pesquisadores passam a se preocupar com uma combinação de alto risco: variações concomitantes à vacinação. Segundo cientistas da John Hopkins entrevistados pela BBC Brasil, o risco de novas mutações resistentes à vacina surgirem no nosso país é alta sem que haja um lockdown.

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Mutações podem fazer com que custo da vacinação seja em vão

Lockdown e vacina contra vírus 

A variação manauara da Covid-19 já foi capaz de jogar por terra a ideia da imunidade coletiva. A capital do Amazonas passou por um segundo colapso de saúde por conta da nova variante, que já se espalhou pelo Brasil. Agora, cientistas se preocupam com a resistência das vacinas a esse tipo de mutação viral.

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Já se sabe que a vacina de Oxford/Astrazeneca perde eficácia com a nova variante brasileira. Agora, a Coronavac também pode perder, mas há menos riscos por se tratar da tecnologia de vírus inativado. De qualquer forma, o Brasil precisa conter a contaminação em massa para que a doença seja controlada.

Cientistas cobram lockdown para evitar caos absoluto no Brasil

“Se você é vacinado numa segunda-feira, você não está imediatamente protegido. Leva algumas semanas para os anticorpos da vacina aparecerem e você ainda pode se infectar pelo vírus original ou pela variante P.1”, explica o virologista Julian Tang, da Universidade de Leicester, à BBC Brasil.

“Se esses anticorpos da vacina surgem enquanto a infecção está ocorrendo e replicando no seu corpo, o vírus pode se replicar de maneira a evadir o anticorpo que está sendo produzido, num movimento de seleção natural”, explica.

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Por isso, é essencial que vacinados contra a covid-19 fiquem em quarentena por até 14 dias depois da segunda dose. É também prioritário que o governo federal confirme a compra de doses das vacinas disponíveis no mercado, a fim de acelerar o processo de imunização o mais rápido possível.

Caso o Brasil produza variantes ainda mais resistentes, é possível que aqueles preconceituosos que chamavam a covid-19 de ‘vírus chinês‘ sejam responsáveis pela ‘pandemia brasileira‘. Já somos rejeitados pela comunidade internacional o suficiente. A situação a curto prazo vai piorar.

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“Nós vamos entrar numa situação de guerra explícita. Nós podemos ter a maior catástrofe humanitária do século XXI em nossas mãos. A possibilidade de cruzar 2.000 óbitos diários nos próximos dias é absolutamente real. A possibilidade de cruzarmos 3.000 mortes diárias nas próximas semanas passou a ser real. Se você tiver 2.000 óbitos por dia em 90 dias, ou 3.000 óbitos por 90 dias, estamos falando de 180.000 a 270.000 pessoas mortas em três meses. Nós dobraríamos o número de óbitos. Isso já é um genocídio, só que ninguém ainda usou a palavra. O que são 250.000 mortes sendo que a vasta maioria poderia ter sido evitada?”, afirmou o cientista Miguel Nicolelis ao EL País nessa semana.

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