Pela primeira vez na história um furação foi detectado na alta atmosfera, camada superior da atmosfera terrestre – mais próximo do espaço do que propriamente do nível do mar da Terra. O incrível fenômeno foi registrado a cerca de 860 km de altura da superfície por uma equipe internacional de cientistas liderada pelo Dr. Qing-He Zhang, professor da Universidade Shandong, ao leste da China, que anotou a descoberta pela primeira vez. “Estamos observando um fenômeno com características de furacão na atmosfera superior sobre o pólo norte magnético, que chamamos de furacão espacial”, afirmou o professor, em matéria da BBC.

Representação artística do fenômeno © Universidade Shandong
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Teorias especulavam sobre a hipótese de existirem “furações espaciais”, ocorrendo em altas camadas da nossa atmosfera, mas o estudo liderado por Qing-He Zhang e publicado na revista científica Nature Communications é o primeiro a confirmar o fenômeno. Segudo a pesquisa, trata-se de um grande redemoinho formado não por água mas sim por plasma, um gás no qual, por conta de fortes colisões em alta temperatura, separam-se os átomos, fazendo com que os elétrons negativos e os íons positivos passem a se mover com liberdade.

O professor Qing-He Zhang, da Universidade Shandong © acervo pessoal
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“Até agora, não havia certeza da existência de furacões de plasma, então ser capaz de provar que eles existem com esta observação é incrível”, afirmou Mike Lockwood, cientista espacial da Universidade de Reading, na Inglaterra, e parte da equipe envolvida na descoberta. “O furacão espacial é caracterizado por uma estrutura espiral com múltiplos braços porque precipita elétrons em vez de água, uma forte circulação de plasma com fluxo horizontal zero no centro (o olho do furacão) e um enorme fluxo e deposição de energia e velocidade em direção à ionosfera polar”, afirmou.

Representação do fenômeno publicada no estudo © reprodução
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De acordo com o estudo, que trabalhou com milhares de imagens registradas em 2014 através de um satélite, o “furacão espacial” durou cerca de oito horas, e a descoberta pode ajudar a aprimorar a tecnologia das comunicações, e para combater erros em sistemas de navegação – pois, segundo Zhang, o estudo é somente o começo de um trabalho maior e mais importante. “Há muitas questões em aberto, como: o que controla a rotação dos furacões espaciais? Essas tempestades espaciais são sazonais como seus equivalentes tropicais? Os furacões espaciais podem ser previstos como os eventos climáticos da Terra? Esperamos continuar nossas investigações para responder a algumas dessas perguntas e continuar a aprender com as respostas”, afirmou.

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