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Para o mundo ocidental, o consumo de insetos parece totalmente fora da realidade. Mas o mercado de insetos comestíveis está crescendo em ritmo acelerado no Brasil e essa nova fonte de proteína pode ser uma das escapatórias para resolver o problema de escassez alimentar mundial em um futuro relativamente próximo.
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Ao menos é o que pensa a Hakkuna, uma empresa especializada em farinha de grilo que conta com financiamento da Fapesp e da EsalqTec (USP) para desenvolver tecnologias alimentares baseadas nos Gryllus assimilis. A criação praticamente industrial dos insetos e a alta capacidade produtiva dessa espécie são pontos positivos para essa nova forma de alimentação.
Para se ter uma ideia, uma vaca precisa comer uns 10 quilos de grama para criar um quilo de massa. Uma criação de grilo precisa comer 1,7 a 2 quilos de alimento para conseguir chegar a um quilo de massa. A alta velocidade de reprodução dos insetos, a menor necessidade de água e de terra também pesa a favor desse novo tipo de alimento. Além disso, eles têm praticamente zero impacto no efeito de estufa.
Mas pera aí, como assim alimento? Pois é, desde um report de 2013 feito pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) que mostrava os benefícios do consumo de insetos e sua provável necessidade em escala global a partir de 2050, o mercado começou a olhar com mais carinho para esse tipo de alimento.
No Brasil, o consumo de insetos não é nacional, mas há diversas regiões que comem insetos; no interior de São Paulo e Minas Gerais, por exemplo, a farofa de içá, feita com formigas que lembram a saúva, é relativamente comum. Na Ilha de Marajó, o turu, uma larva que fica encrustada na madeira de árvores úmidas, é uma iguaria bastante comum.
Enquanto sociedades asiáticas já tem o costume do consumo de insetos relativamente normalizado em maior ou menor escala, o problema do nojo parece ser um grande impeditivo ainda no Ocidente. No próprio report da FAO, as Nações Unidas recomendam que governos e instituições trabalhem pela normalização do consumo alimentício de insetos.
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“Sociedades ocidentais ainda tem uma grande rejeição a insetos e serão necessárias estratégias para combater o fator nojo, quebrando os principais mitos ao redor da entomofagia. Governos, ministérios da agricultura e universidades devem trabalhar, tendo em vista que os insetos como alimentos ainda estão distantes da maior parte das agendas políticas no Ocidente, mesmo sendo que conhecimento sobre o seu papel preponderante na nutrição animal e humana esteja crescendo”, afirma o texto da ONU.
A Hakkuna pensa dessa forma. “Segundo a ONU, até o ano de 2050, seremos quase 10 bilhões de pessoas no mundo. Um crescimento de 70 a 88% é esperado na demanda de proteína animal até 2050 quando a população deve aumentar de 7 para quase 10 bilhões de pessoas“, afirma a carta da empresa. Como os recursos naturais já estão escassos, a necessidade de consumir uma forma menos violenta de alimento se torna ainda mais necessária.
“Se tudo se mantiver no padrão atual, é possível que haja um colapso na produção mundial de alimentos. Precisamos de novas fontes de proteína e aí entram os insetos”, diz a Hakkuna.
A empresa não está sozinha. A entomóloga Patrícia Milano, do Departamento de Entomologia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), também fundou sua própria empresa de fazenda de insetos. A Ecological Food tem como fim produzir alimentos para agricultores com base na proteína de insetos.
Em 2018, a União Europeia aprovou a importação, exportação e consumo de insetos para fins alimentícios. Por lá, empresas como a Hakkuna já receberam aportes milionários e passam a produzir proteínas através de insetos. A francesa Jimini’s e a americana Chirps já vendem salgadinhos e petiscos com base em proteína de grilos. E aí, você está pronto para essa nova tendência alimentar?
Um outro benefício que pesa bastante para a possibilidade do crescimento da entomofagia no Ocidente é a redução da probabilidade de Zoonoses. Segundo a ONU, 70% das novas doenças que surgem na humanidade estão relacionadas à criação intensiva de animais; a gripe aviária, por exemplo, está sempre circundando os noticiários. O próprio coronavírus está relacionado ao consumo de carne. Portanto, a redução de fazendas de animais e uma nova forma de consumir proteína seria mais adequada para um futuro livre de pandemias.
Talvez, até 2050, já tenhamos conseguido redistribuir de maneira mais igual a terra e a renda, de forma que não seja necessário ter que comer farinhas hiperprocessadas de insetos. Segundo a própria FAO, um terço dos alimentos do mundo são jogados fora por concentração de renda, logística ineficiente e falta de planejamento. Se a gente conseguir arrumar isso, quem sabe, não precisemos ficar comendo farinha de grilo…
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