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Um novo estudo recriou as representações de “Lucy” e “Taung Child”, duas das mais antigos ossadas de ancestrais humanos, a fim de despir as imagens do racismo e os estereótipos que ajudaram a pautar modelos anteriores. Pois se tais preconceitos influenciam toda e qualquer relação e representação no mundo moderno, as ciências mais importantes não estão de fora dessa trágica conclusão. Os dois novos modelos de seres humanos pré-históricos foram projetos para desviarem de intuições e influências culturais em busca da objetividade científica – e o resultado pode mudar a cara dos museus de História Natural pelo mundo, assim como nossas percepções a respeito da aparência de nossos ancestrais que viveram no continente africano milhões de anos atrás.
A nova representação de “Lucy” desenvolvida pelo estudo © reprodução
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A reconstrução de “Lucy” e “Taung Child” aponta para uma série de inconsistências nas interpretações artísticas, muitas vezes movidas por tendências sem qualquer relação com a ciência e as pesquisas, e eventualmente tomadas pelos preconceitos e racismo que poluem a cultura.
A nova representação de ” Taung Child” © reprodução
“Muitas das reconstruções prévias foram altamente influenciadas por histórias imaginárias sobre o que parece ‘primitivo’ e ‘selvagem’ e o que parece ‘civilizado’ e ‘moderno’”, afirmou Rui Diogo, pesquisador sênior e professor-assistente de anatomia da Universidade de Washington, nos EUA. A base do novo trabalho foi construir a nova representação de forma transparente e cientificamente correta com relação aos restos mortais dos dois humanos ancestrais.
Dois exemplos de representações anteriores de “Lucy”, desenvolvidos em 2018 © reprodução
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Para “Lucy” – o mais antigo e completo ancestral humano já descoberto, uma Australopithecus afarensis de 3,2 milhões de anos encontrado na Etiópia em 1974 – os cientistas estabeleceram um tom de pele similar aos chimpanzés bonobos, e se basearam nos restos de um maxilar para reconstruir seu crânio, já que boa parte dos seus ossos cranianos não foram encontrados.
A ossada de “Lucy”, encontrada na Etiópia em 1974 © Reuters
Já “Taung Child” – uma criança Australopithecus africanus de 2,8 milhões de anos que faleceu com cerca de 3 anos de idade e foi encontrada em 1924 – passou a apresentar uma aparência que se aproxima, de acordo com a pesquisa, com a população sul-africana moderna. Nesse caso, o crânio da criança foi duplicado através de técnicas de molde baseadas nas ossadas – e para as duas reconstruções a pesquisa procurou reproduzir com precisão e realismo os tecidos moles das faces.
Crânio da “Taung Child”, encontrado em 1924
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O estudo foi publicado na revista científica Frontiers in Ecology and Evolution no final de fevereiro para contrastar com as antigas representações que, segundo o texto, historicamente foram pouco questionadas pela comunidade científica, “e expostas em museus com quase nenhuma evidência empírica para lhes apoiar”.
Um exemplo de inconsistência apontado pelo trabalho é o costumeiro “retrato” de Lucy com um “marido” e “filhos” que, segundo o texto, é baseado em “estereótipos” que acabam por justificar de forma enganosa narrativas sobre ideias de progresso ou “propósito cósmico”, que costumam estar “profundamente ligadas às ideias racistas e misóginas”.
Exemplo de representação estereotipada de “Lucy” com sua “família” © Getty Images
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A iniciativa tem como propósito não só corrigir informações e imagens erradas sobre Lucy e a “Criança de Taung”, mas também lembrar a importância da precisão e da correção científica e das informações e fatos. Em um cenário tomado por fake news e mentiras, “apresentar informações falsas diminui o valor do que é sabido, e pode levar à confusão e a desencorajar futuros interesses na teoria evolutiva humana”, diz.
Representação de “Lucy” em um museu © Alamy
O trabalho pode ser lido na íntegra e em inglês aqui.
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