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Falar sobre patriarcado é falar sobre como a sociedade se estruturou desde o princípio. A palavra pode parecer complexa e as discussões sobre ela ainda mais, mas o que basicamente define uma sociedade patriarcal são as relações de poder e domínio feita pelos homens sobre as mulheres. É contra isso que luta o movimento feminista e a favor da igualdade entre os gêneros e um equilíbrio de oportunidades maior a homens e mulheres.
– Militância feminista: a evolução da luta pela igualdade de gênero
A sessão de abertura da Câmara dos Deputados, em fevereiro de 2021: tente observar a proporção entre homens e mulheres.
Eles são a maioria das lideranças políticas, das autoridades no setor público e privado, detém o maior controle de propriedades privadas e, por tudo isso, desfrutam de privilégios sociais. A teórica britânica Sylvia Walby, em sua obra “Theorizing Patriarchy” (1990) observa o patriarcado sob dois aspectos, o privado e o público, e pondera sobre como nossas estruturas sociais permitiram a construção de um sistema que beneficiou e beneficia homens dentro e fora de casa.
Se pensarmos do ponto de vista profissional, a dominação masculina é evidente. A eles são oferecidos cargos altos em empresas em uma frequência muito maior do que às mulheres. Eles recebem salários melhores, oportunidades melhores, definem leis antes de acordo com as próprias experiências do que sob o ponto de vista feminino. Você já deve ter ouvido por aí: “se todos os homens menstruassem, a licença TPM seria uma realidade”.
– Desigualdade entre homens e mulheres no trabalho não diminui há 27 anos
Como exercício, reflita sobre o cenário político do Brasil. Não do ponto de vista ideológico de esquerda x direita, mas pense em quantas lideranças femininas tivemos ao longo dos anos. Em toda a história da República brasileira, houve apenas uma presidente mulher entre os 38 homens que assumiram o Executivo nacional.
A Câmara dos Deputados possui atualmente 513 legisladores. Apenas 77 dessas vagas são preenchidas por mulheres, eleitas pelo voto popular. O número corresponde a 15% do total e o recorte é apenas um exemplo de como a dominação patriarcal ocorre em organizações políticas.
Mulher com os mamilos tapados exibe cartaz em passeata pelo dia internacional da mulher, em março de 2020: “Uma mulher sem roupa te incomoda mas morta, não?”
Historicamente, a sociedade moderna se baseou em um modelo que colocava os homens no papel de provedor do lar, ou seja, eles que saíam para trabalhar, enquanto as mulheres ficavam em casa cuidando dos afazeres domésticos — a chamada “família patriarcal”. Se elas não tinham voz dentro de casa, imagina se teriam algum papel de destaque na estrutura da sociedade?
O voto feminino, por exemplo, só foi permitido em 1932 e, ainda assim, com ressalvas: somente mulheres casadas poderiam votar, mas com autorização dos maridos. Viúvas com renda própria também tinham autorização.
– 5 mulheres feministas que fizeram história na luta por equidade de gênero
Foi apenas em 1934 — 55 anos após a instituição da República — que a Constituição Federal passou a permitir que mulheres votassem de forma ampla e irrestrita.
Um cenário como esse criou bases para que, mesmo em 2021, com mulheres mais presentes e ativas no mercado de trabalho, ainda tenhamos sérias desigualdades entre os gêneros.
O padrão normativo, ou seja, aquele que é tratado como “natural” dentro do comportamento social, coloca os homens brancos heterossexuais como dominantes. Isso significa que todos aqueles que não estão neste espectro — de raça ou orientação sexual — são, de alguma forma, colocados em um degrau abaixo de privilégios.
A própria comunidade gay tem suas questões com relação a discursos hegemônicos. Entre os LGBTQIA+, alguns militantes usam o termo “gaytriarcado” para falar sobre a apropriação da narrativa por parte de homens gays brancos. “Como assim?”, você pergunta. É simples: até mesmo em um contexto de minoria, como entre os LGBTQIA+, mulheres sentem o peso de terem suas vozes diminuídas ou invisibilizadas.
O debate sobre diversidade sexual acaba focando apenas em homens brancos e gays e ficam perdidas as narrativas de mulheres brancas lésbicas, mulheres negras lésbicas, mulheres trans, mulheres bissexuais e todos os outros recortes.
– Interseccionalidade LGBT: intelectualidade negra luta contra opressão em movimentos por diversidade
Mulheres erguem cartaz do movimento lésbico em passeata em São Paulo, em agosto de 2018.
Por trás da sociedade patriarcal se construiu o conceito do sexismo, da misoginia e do machismo. A ideia desse último é a de que, para ser “homem de verdade”, é preciso cumprir certas cotas de virilidade. É preciso prover os meios financeiros para a sua família. É preciso ser forte o tempo todo e nunca chorar. É preciso provar superioridade sobre as mulheres e também é preciso que eles sejam respeitados por elas.
Com essa leitura, é possível entender os absurdos números de violência contra a mulher. Homens que agridem e matam suas companheiras, mães, irmãs, amigas, por não aceitarem que elas atinjam “sua honra” — seja lá o que isso signifique. A mulher precisa se comportar de acordo com os interesses do homem e se submeter às suas vontades, mesmo nas menores questões.
A mesma construção é a que atinge homens gays e travestis e resulta em ataques homofóbicos contra a população LGBTQIA+. “Ele não é homem”, dizem os machões sobre homens gays. Por gostar de outro homem, o gay perde, aos olhos do machismo e da homofobia, seu direito de ser homem. Ele se torna menos homem do que os homens héteros.
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