Arte

Plataforma de NFT do Brasil, Phonogram.me quer revolucionar cenário da música

24 • 03 • 2021 às 09:54
Atualizada em 24 • 03 • 2021 às 11:24
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

A ambição da primeira plataforma de NFT do Brasil não é pequena: a chegada da Phonogram.me promete simplesmente revolucionar o mercado musical no país. A ideia é transformar um fonograma ou gravação musical em um “Token não fungível” (NFT para sigla em inglês), espécie de contrato virtual que valida e valoriza uma produção original única em meio digital.

A plataforma permite, por exemplo, que o usuário adquira um fonograma, e passe a receber royalties relativos à execução daquela determinada gravação no rádio, na TV ou mesmo em streaming.

O compositor André Abujamra

O compositor André Abujamra é embaixador do projeto, e um dos primeiros músicos a criar uma obra em NFT no Brasil © divulgação

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O Phonogram.me tem o músico e compositor André Abujamra como embaixador, e funciona como uma bolsa de valores, que promete descentralizar o mercado fonográfico conectando o artista diretamente com investidores, colecionadores e fãs, permitindo que se invista em seu cantor, cantora ou banda preferida.

O pioneirismo da plataforma vai além, oferecendo ao investidor a opção de receber sua cota diretamente em reais em criptomoedas. “É tipo uma plataforma onde os artistas, produtores fonográficos, editoras podem vender não apenas discos com certificados NFT, mas literalmente leiloar os copyrights da música”, resumiu Abujamra.

Mas o que é NFT afinal?

Um “Token não fungível”, ou NFT, é uma espécie de certificado especial criptográfico que valida e valoriza a originalidade, singularidade e especificidade de uma determinada obra de arte digital, objeto virtual ou mesmo de algo tão comum quanto uma postagem – mas que pode ser valorizada justamente por sua “raridade”.

Um exemplo é o caso recente da primeira postagem feita no Twitter, certificada em NFT e vendida por Jack Dorsey, CEO da plataforma, por cerca de US$ 2,9 milhões de dólares.

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Trata-se, portanto, da venda certificada de algo que só existe no digital, mas que tem sua originalidade atestada pelo certificado, que utiliza a segurança da tecnologia blockchain pra “confirmar” o valor e a autenticidade da obra – ou, no caso supracitado, de um post.

 

Parceria entre Abujamra e Uno de Oliveira, “Coélhek” é o primeiro NTF musical no Brasil

O funcionamento é similar ao das criptomoedas como o bitcoin, mas os NTFs não são intercambiáveis entre si – não funcionam, em princípio, como moedas, mas sim como garantia sobre determinado “objeto” digital para que ele seja vendido.

Discos digitais numerados

No caso da indústria da música, uma banda pode, por exemplo, lançar 100 cópias de um disco digital “assinado” e “numerado” virtualmente. Além de oferecer ao comprador acesso ao conteúdo exclusivo, o sistema funciona como um investimento, e o usuário que eventualmente adquirir a cópia de número 1, por exemplo, poderá ver sua compra se valorizar especialmente com o passar do tempo.

A mesma lógica pode ser aplicada, claro, para um artista gráfico que desenvolva obras digitais em JPEG, por exemplo: o NFT atesta que aquele determinado arquivo é mesmo um “original”.

Obra "NEUROABU #03", criado por André Abujamra, embaixador da Phonogram.me © reprodução

Obra “NEUROABU #03”, criado por André Abujamra, embaixador da plataforma © reprodução

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Descentralização da indústria fonográfica

Através do Phonogram.me, o artista pode vender não só um disco ou um fonograma, mas também uma porcentagem de determinada gravação.

“Os caras criaram o Phonogram.me para descentralizar a indústria. A ideia é colocar na mão dos criadores, das gravadoras e de quem mais tiver interesse a chance de lucrar com a valorização do seu asset mais importante: a música”, diz Abujamra no vídeo de lançamento, que resume o negócio como uma sociedade direta entre o investidor e o artista em um determinado fonograma. O compositor criou em parceria com o artista Uno de Oliveira a obra “Coélhek”, o primeiro NFT musical brasileiro.

O produtor musical Lucas Mayer

O produtor musical Lucas Mayer, um dos criadores da plataforma © Facebook

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A plataforma também permite que o usuário revenda sua porcentagem previamente adquirida de um fonograma – revertendo uma parte dessa negociação também para o artista – ou mesmo que um músico que gravou uma faixa coloque à venda sua parte em direitos conexos: sua fatia do lucro daquele fonograma no qual trabalhou.

Fitas e rolos de áudio

Phonogram.me busca descentralizar a indústria musical e fonográfica no Brasil © Getty Images

“O Phonogram.me vem para valorizar o âmbito da música gerando monetização a cada player, compartilhamento e reprodução. Além disso, o senso de comunidade dentro da plataforma é muito grande, visto que além de um gerador de renda, é possível tornar-se uma gravadora ou até investir na carreira de um artista” diz o produtor musical Lucas Mayer, criador da plataforma junto com a curadora Janara Lopes.

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