Arte

Quando o pintor Edward Hopper foi a Paris para se tornar um mestre

05 • 03 • 2021 às 18:43 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Se o grande pintor realista estadunidense Edward Hopper viria a ser reconhecido como um mestre por pintar os EUA da primeira metade do século XX, o nascimento do gênio em Hopper se deu não no país que serviria como sua principal inspiração – mas sim do outro lado do oceano, em Paris, onde o jovem artista foi viver por um período em 1906.

Hopper tinha apenas 24 anos e era ainda um iniciante, recém formado pela New York School of Art quando chegou à capital francesa como um admirador dos mestres de lá: Monet, Courbet, Manet, Daumier o moveram a migrar para Paris, onde os primeiros grandes quadros do artista seriam pintados.

“Le Quai des Grands Augustins”, de 1909

Como Berthe Morisot quebrou barreiras e se tornou a primeira mulher impressionista

Essa fase inicial da carreira de Hopper seria reunida na exposição Hopper in Paris: The Birth of a Master (Hopper em Paris: o nascimento de um mestre, em tradução livre) que aconteceria na Phillips Collection, na capital Washington, nos EUA no mês de maio, mas que por conta da pandemia segue suspensa sem data para efetiva abertura.

A curadoria reúne os primeiros trabalhos de um pintor que buscou pintar ao ar livre como os impressionistas, e se deixou levar pelas ruas de Paris, para registrar pontes, cenários e personagens – homens de chapéu, prostitutas, policiais, trabalhadores.

"Stairway at 48 Rue de Lille Paris", de 1906, de Edward Hopper

“Stairway at 48 Rue de Lille Paris”, de 1906 

"Le Parc de Saint-Cloud", de 1907, quadro de Edward Hopper

“Le Parc de Saint-Cloud”, de 1907

Antes da moda das selfies, esses artistas souberam imortalizar suas figuras com autorretratos icônicos

Em Paris, Hopper trabalhou com tinta mas também com carvão e guache em seus estudos, pinturas e ilustrações: na primavera de 1907 sua mira viraria das cenas cotidianas para os grandes cenários da cidade, como a Catedral de Notre-Dame, o Museu do Louvre, o Rio Sena, e mais.

As obras francesas de Hopper foram pouco vistas pelo público – algumas fazem parte de grandes museus do país como o Whitney, mas despertam menos interesse pela conexão forte e direta do trabalho de Hopper com o cenário estadunidense.

"Les Lavoirs du Pont Royal", de 1907, quadro de Edward Hopper

“Les Lavoirs du Pont Royal”, de 1907

"Le Pavillon de Flore", de 1909, quadro de Edward Hopper

“Le Pavillon de Flore”, de 1909

A história de alguns projetos concorrentes da Torre Eiffel

O próprio Hopper viria a rejeitar posteriormente seu trabalho durante a estadia na França, em favor dos registros dos EUA com suas paisagens desoladas, suas metrópoles, seus postos de gasolina.

Nem por isso, porém, são menos brilhantes: está lá o início de tudo, do brilhante artista que ele viria a se revelar. Hopper faria três viagens longas pela Europa, focadas principalmente em Paris, durante o período.

O jovem Hopper desenhando durante seu período parisiense © Wikimedia Commons

Em 1906, numa carta para sua mãe, o artista afirma que “não acredita que exista uma cidade na Terra mais bonita que Paris”, assim como nenhum outro povo teria “tamanho apreço pelo que é belo como o Francês”. Assim, é fácil perceber que os EUA de Hopper começam, quem diria, em Paris.

"Le Pont des Arts", de 1907, quadro de Edward Hopper

“Le Pont des Arts”, de 1907

"Bridge in Paris", de 1906, quadro de Edward Hopper

“Bridge in Paris”, de 1906

Publicidade

© artes: Edward Hopper/ Whitney Museum of American Art New York

 


Canais Especiais Hypeness