A caça às bruxas parece uma história longínqua, mas ela carrega raízes até hoje na nossa sociedade. Trata-se de uma das mais brutais fases da instituição do patriarcado na civilização europeia, que viria a exportar o seu modelo de sociedade para o resto do mundo. Uma recente descoberta feita na Inglaterra reforça a tese de que as bruxas eram apenas curandeiras e parteiras perseguidas pelo cristianismo.
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Julgamento de “bruxas” na Idade Média matou pelo menos 40 mil pessoas, mas números podem chegar a 100 mil pessoas mortas pelo crime de bruxaria na Europa
Um grupo de construtores estavam demolindo um antigo pub na cidade de Watford, na Inglaterra, e descobriram uma “garrafa de bruxa”. Dentro da garrafa havia dentes, anzóis de pescaria e urina. Segundo pesquisadores, a urina cumpriria um papel medicinal na tese das curandeiras da época. Ela foi encontrada em uma chaminé, o que indica que os membros da estalagem eram prováveis puritanos.
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A perseguição das mulheres curandeiras, parteiras e profissionais de saúde durante a Idade Média foram perseguidas porque o controle dos corpos deveria ficar resguardado aos homens. As antropólogas Barbara Ehrenreich e Deirdre English afirmam que a necessidade dos homens de dominarem as técnicas da medicina cumpriu papel essencial nas motivações para a caça às bruxas que, conforme mostra a história, de bruxas não tinham nada.
“As bruxas viveram e morreram na fogueira muito antes de que aparecesse a moderna tecnologia médica. A maior parte dessas mulheres condenadas como bruxas eram simplesmente curandeiras não profissionais a serviço da população camponesa e sua repressão marca uma das primeiras etapas na luta dos homens para eliminaras mulheres da prática da medicina”, afirmam as antropólogas no artigo Bruxas, Parteiras e Enfermeiras.
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A caça às bruxas é um marco institucional do patriarcado e compreender como o controle dos corpos foi cooptado pelos homens é essencial. Esse momento histórico carrega marcas até hoje e mostra como os saberes tradicionais foram criminalizados e perseguidos.