Ciência

Checar o celular tem efeito tão contagioso quanto bocejo, diz pesquisa

12 • 05 • 2021 às 10:03
Atualizada em 14 • 05 • 2021 às 09:16
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Checar o celular é contagioso, e um estudo italiano mostra que ver alguém utilizando um aparelho provoca uma reação irresistível de fazer o mesmo – semelhante à reação de ver alguém bocejando. É o chamado “efeito camaleão” que, segundo o estudo, ocorre de maneira inconsciente, quando uma pessoa reproduz automaticamente uma atitude de um semelhante, a fim de melhor se adequar ao espaço e ao contexto em que se encontra – o estudo foi realizado por cientistas ligados à Universidade de Pisa.

Mulher olhando telefone

O “Efeito Camaleão” nos leva a reproduzir gestos que vemos em outros

-Não é culpa sua: smartphones foram mesmo projetados para viciar

A pesquisa partiu de dois tipos de “gatilhos” diferentes na relação com o aparelho: o primeiro “expunha” os participantes a alguém simplesmente manipulando um aparelho sem olhar à tela – somente com o telefone nas mãos, ou batendo os dedos no aparelho – e o segundo, diante de alguém realmente olhando para a tela. O resultado da pesquisa revelou que 50% dos participantes copiaram o ato a partir do “gatilho” disparador que envolvia a checagem visual do aparelho – metade das pessoas também checaram seus telefones quando viram outra pessoa olhando seus smartphones.

Crianças olhando telefone

Os resultados da pesquisa não apresentaram diferença com relação a idade

-Artista ilustra pessoas sendo sugadas para smartphones por monstros digitais

Esse resultado foi 28 vezes maior do que quando alguém simplesmente manipulou o aparelho, e a pesquisa não apresentou variações relevantes a partir de diferenças de idade, gênero ou da relação interpessoal dos participantes com os pesquisadores. Para realizar o experimento, cada participante foi exposto aos dois gatilhos por 30 segundos em espaços como salas de espera, ambientes de trabalho, restaurantes e mesmo na casa dos participantes – o resultado da pesquisa foi publicado na revista científica Journal of Ethology. O uso excessivo do smartphone pode causar vício e levar à nomofobia, ou medo de ficar longe do aparelho.

Homem olhando telefone

Bastaram 30 segundos de “gatilho” para os efeitos se darem

-Fui desafiado a ficar uma semana sem meu celular. Spoiler: eu sobrevivi

Um elemento curioso do resultado sugeriu que o efeito de mimetismo se reduz consideravelmente quando o ambiente e o momento de exposição aos “gatilhos” envolviam comida, quando o “efeito camaleão” reproduz mais gestos posturais ou faciais – não se sabe, porém, se tal diferença se dá pelo fato da pesquisa ter sido realizada na Itália, onde a alimentação possui profunda importância histórica e cultural na convivência e agregação social no país. A pesquisa foi realizada entre maio e setembro de 2020, e os pesquisadores ainda não sabem determinar a influência da pandemia e do isolamento social no resultado.

Jovens olhando seus aparelhos

Metade dos participantes reproduziram o ato de olhar à tela do aparelho

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