Sustentabilidade

Com florestas transformadas em pastos, município do Pará tem alta de temperatura

14 • 06 • 2021 às 11:12
Atualizada em 15 • 06 • 2021 às 18:36
Yuri Ferreira
Yuri Ferreira   Redator É jornalista paulistano e quase-cientista social. É formado pela Escola de Jornalismo da Énois e conclui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo. Já publicou em veículos como The Guardian, The Intercept, UOL, Vice, Carta e hoje atua como redator aqui no Hypeness desde o ano de 2019. Também atua como produtor cultural, estuda programação e tem três gatos.

Um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária em parceria com a UNESP e a Universidade Federal de Viçosa mostrou que as temperaturas da cidade de Belterra (PA) aumentaram devido ao aumento do desmatamento na região nos últimos anos.

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Desmatamento pode aumentar temperaturas médias de regiões

O estudo publicado na Revista Brasileira de Meteorologia tinha como principal objetivo entender a influença da Floresta Nacional dos Tapajós na cidade, que se tornou um polo de produção de grãos e alvo da desflorestação a partir de 1981, que se expandiu até 2010, último ano analisado pela pesquisa.

Os pesquisadores analisaram os dados meteorológicos entre 1961 e 2010. Foi a partir do ano de 1981 que as temperaturas médias de Belterra passam a crescer de maneira observável. Entre 1981 e 2010, as médias da região subiram de 25,2ºC para 26ºC (variação de 0,8ºC). As temperaturas mínimas médias também subiram, de 20,4º para 21,2ºC, no ano final do período.

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“Os processos de preparo do solo, por exemplo, dispersam partículas para a atmosfera, contribuindo para a formação de nuvens e impedindo a condução do calor para a atmosfera. Isso possivelmente contribui para o aumento das temperaturas mínimas nas madrugadas em Belterra”, explica Lucas Eduardo de Oliveira Aparecido, coautor do estudo, á Agência Bori.

A conclusão do artigo mostra que a influência e os benefícios da Floresta Nacional do Tapajós inexistem caso as cidades em suas proximidades estejam totalmente desmatadas; além disso, o estudo evidencia que a agropecuária violenta e seu modo de produção irá colaborar para o esgotamento real dos recursos naturais.

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“Se os produtores rurais na Amazônia não receberem apoio de políticas públicas que incentivem a mudança desse paradigma – de que áreas com floresta não prestam bens e serviços à sociedade – os problemas relacionados à perda dessas áreas se perpetuarão”, completa Lucieta Guerreiro Martorano, que também assina o estudo.

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