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A grife FARM está sendo criticada nas redes sociais por utilizar o assassinato de Kathlen Romeu, mulher negra fuzilada durante uma operação policial enquanto estava grávida, para vender mais de suas peças de luxo. Kathlen trabalhava em uma loja da grife em Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro.
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Farm fez um texto, nas redes sociais, afirmando que todas as compras feitas pelo site da empresa com um cupom – o código que a jovem utilizava para marcar suas vendas quando trabalhava para a grife – teriam comissões distribuídas para a família de Kathlen, mais uma vítima da violência policial provocada pelo racismo.
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Jovem foi fuzilada em operação policial enquanto estava grávida
“A partir de hoje, toda a venda feita no código de Kathlen – E957 – terá sua comissão revertida em apoio para sua família. Reforçando que nós também vamos apoiá-la de forma independente e paralela”, diz o texto da Farm.
É isso mesmo que você leu: no gancho do assassinato brutal de uma mulher negra de 24 anos, grávida de quatro meses, a empresa decidiu fazer uma ‘campanha social’ vendendo mais de suas roupas.
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Espera, não sei se ficou claro. Acompanha isso:
Fato 1: Kathlen Romeu, de 24 anos, foi fuzilada durante uma operação policial na comunidade Lins de Vasconcelos, Zona Norte do Rio. Grávida, ela entrou para a triste estatística das milhares vidas negras ceifadas pela violência policial ao redor de todo o país.
Fato 2: A empresa em que a jovem trabalhava, ao invés de fazer uma doação para a família, pedir responsabilização do Estado ou simplesmente não fazer nada, decidiu utilizar a morte da jovem para divulgar um cupom em seu site de vendas.
a Farm está colocando uma funcionária preta pra trabalhar depois de morta.
o ano é 2021.
— WENDY (@wendy_andrade) June 9, 2021
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No dia em que Kathlen Romeu morreu junto de seu bebê em gestação, as ações do Grupo Soma, dono da Farm, cresceram 1,08% na Bolsa de Valores de São Paulo. No primeiro trimestre de 2021, a holding do mundo da moda lucrou R$ 14,9 milhões de reais. Mas parece que é necessário, acima de todas as coisas, lucrar ainda mais com a morte de duas pessoas negras.
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Por seis anos, os burgueses que comandam o grupo Soma lucraram com o trabalho de Kathlen. E em uma atitude de real vanguarda nefasta, encontraram um jeitinho de transformar o fuzilamento em um cupom.
Confira o texto (em sequência, nas fotos):
A linguagem fofinha e o texto com letras minúsculas não faz a mensagem da Farm menos cruel. A postagem ainda diz que ‘vidas negras importam’ e se propõe ao vago compromisso de que existirá uma ajuda paralela à família.
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A empresa também afirmou que a jovem foi vítima da ‘violência urbana’.
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A mãe de Kathlen foi um pouquinho mais direta: “Foi a Polícia que matou a minha filha”.
A gente poderia, inclusive, embedar e dar um pouquinho mais de engajamento para o post da Farm. Não vamos.
Em outubro do ano passado: Grávida é baleada em ação policial no Rio. Por que não estamos protestando?
A gente queria dar engajamento para os familiares de Kathlen que fizeram uma vaquinha para custear o sepultamento da jovem. Entretanto, o financiamento coletivo teve de ser tirado do ar após ataques contra a vítima.
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Se você não está revoltado, tem alguma coisa errada em você.
Caroline Sodré, liderança de diversidade da Farm, se pronunciou em seu perfil pessoal no Instagram sobre as críticas. Ela disse ter conhecido Kathlen e que a ideia do cupom foi tomada junto do time de diversidade da empresa.
Ela afirmou que o lucro do código vai para a família de Kathlen. Caroline Sodré ressaltou que “o ponto nunca foi sobre vendas. Sobre promover a Farm”. Ela refuta que seja uma posição de marca e ressalta que a ideia foi produzida por pessoas diversas.
“Sei que não era o momento, talvez, de falar sobre vendas, mas também penso que voltar atrás vai deixar frustradas e traídas as pessoas que já usaram o código e enviaram esse apoio à família”.
A Farm, contudo, ainda não se posicionou oficialmente sobre o caso.
A Farm se manifestou oficialmente cerca de quatro horas depois da postagem com um cupom com o nome de Kathlen. A marca reconheceu o erro e se desculpou pelo ocorrido.
Confira a íntegra da nota:
“A FARM vem a público se desculpar pela ação que envolveu o uso do código de vendedora de Kathlen Romeu nesse momento tão difícil. Entendemos a gravidade do que representou esse ato, por isso, retiramos de uso o código E957. Reverteremos integralmente 100% das vendas geradas através do código no dia de hoje para sua família. E reforçamos que vamos continuar dando todo o apoio necessário de maneira independente, como fizemos desde o primeiro momento em que recebemos a notícia.
Olhamos hoje pra FARM com a consciência da nossa função social na redução das desigualdades e seguiremos acelerando todos os nossos programas de inclusão e equidade. Agora o momento é de luto e acolhimento”.
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