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Quando aprendemos sobre história na escola, pouco falamos sobre África. Tirando o estudo da origem da humanidade e, em raros casos, os movimentos de libertação contra o colonialismo no século passado, é raro falar sobre o continente no nosso ensino básico. E isso nos faz acreditar em uma farsa criada pela Europa: a de que os povos africanos eram analfabetos e a escrita só chegou àquelas terras por intermédio dos brancos ou dos árabes.
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Escrita em púnico e em numidiano em uma placa de adoração à Deusa Tanit descoberta em ruínas de Cartago
Isso é uma farsa: os púnicos, povos que habitavam a região da atual Tunísia, tem uma longa tradição de escrita desde antes da chegada dos califados ao norte da África. Em Cartago, os púnicos – descendentes diretos dos fenícios – possuíam uma sociedade altamente desenvolvida, com escrita e livros, que tem seus primeiros registros com mais de 1300 anos de idade.
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Um exemplo até anterior aos escritos púnicos é o idioma numidiano, também chamado em sua versão escrita de líbio-berbere, encontrado em toda a região que vai da Argélia até a Líbia, com registros escritos que datam do século II antes de Cristo.
O líbio-berbere é um exemplo tão evidente de que os povos africanos dominavam a escrita que ele é a base para a escrita tuaregue e tamazigue, utilizada por diversos povos que habitam hoje a região noroeste da África, em países como Saara Ocidental, Marrocos, Argélia, Mauritânia e Líbia.
Mas até intelectuais europeus renomados, como o sociólogo Pierre Bourdieu, que negava a ideia de uma ‘superioridade europeia’ em relação aos povos colonizados, negava que os cartagineses teriam escrito aquilo.
Placa bilíngue em púnico cartaginês e em numidiano no mausoléu de Ateban, príncipe númida. Artefato foi encontrado em Dougga, atual Tunísia
“O líbico berbere revela uma destruição ainda mais perigosa do que a colonização: a violência epistemológica dos mais bem intencionados intelectuais europeus. Existem uma série de europeus arrogantes da academia que insistiram na ideia de que africanos nunca escreveram e que nunca poderiam escrever livros, como o próprio Bordieu”, afirma o professor Vance Smith, medievalista do Departamento de Inglês da Universidade de Princeton, em artigo para a revista Aeon.
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Ele levanta que, durante sua análise dos cabila, um povo berbere da Argélia, eles não teriam linguagem escrita – fator decisivo para ele em sua teoria para qualificar uma sociedade -, mas o fato é que os cabila tinham suas leis escritas e utilizavam a escrita em alguns momentos de sua vida. Ao negar esse dado, Bourdieu comete uma agressão e inferioriza o povo cabila.
“O exemplo de Bourdieu mostra que até os mais compromissados intelectuais, até os mais geniais – e talvez especialmente os mais geniais – de nós podem simplesmente ignorar a escrita da vida das pessoas e esconder uma língua que foi propositalmente escondida por tanto tempo”, completa Vance Smith.
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