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Mafioso responsável por mais de 150 assassinatos é solto após 25 anos e causa preocupação na Itália

07 • 06 • 2021 às 09:25 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Preso em 1996  como um dos mais temidos e sanguinários assassinos da história da chamada “Cosa Nostra”, como é conhecida a máfia do país, o o italiano Giovanni Brusca foi  condenado à prisão perpétua por seus mais de 150 assassinatos admitidos. A decisão de colaborar como informante com a polícia, porém, a partir do ano 2000, levou a justiça italiana a reduzir a pena de Brusca – que agora, após 25 anos de prisão e aos 64 anos, acaba de ser solto para se tornar um homem livre, em decisão que vem provocando horror e preocupação entre os tantos que tiveram amigos e familiares mortos pelo criminoso.

Giovanni Brusca sendo preso em 1996 pela polícia italiana

Brusca sendo preso em 1996 pela polícia italiana © Wikimedia Commons

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Brusca trabalhava para Totò Riina, um dos mais célebres e cruéis chefes da máfia italiana que morreu na prisão em 2017. Entre os muitos crimes cometidos por Brusca, dois se destacam pela gravidade e os requintes de crueldade: a explosão da bomba que matou o juiz Giovanni Falcone, que dedicou sua vida a prender a máfia do país, em 1992 – e que também tirou a vida da esposa e de três seguranças do magistrado – e mais ainda o assassinato do jovem Giuseppe Di Matteo, de apenas 11 anos.

O impacto da bomba que tirou a vida do juiz Giovanni Falcone, sua esposa e três seguranças em 1992

O impacto da bomba que tirou a vida do juiz Giovanni Falcone, sua esposa e três seguranças em 1992 © Wikimedia Commons

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Filho de um mafioso que decidiu entregar outros criminosos, Di Matteo foi sequestrado em 1993, e mantido em cativeiro por dois anos, para ao fim ser estrangulado e morto – o corpo do jovem foi dissolvido em ácido, naquilo que a polícia do país chamou de “um dos mais hediondos crimes da história da Cosa Nostra”. Quando se tornou informante da polícia, o próprio Brusca se definiu como “um animal”, admitindo ter assassinado mais de 150 pessoas. “Eu nem lembro todos os nomes. Trabalhei minha vida toda para a Cosa Nostra”, disse.

Giovanni Brusca sendo preso em 1996

A cooperação de Brusca com a justiça levou à prisão de muitos outros homens da Cosa Nostra © Getty Images

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Políticos e vítimas da máfia declaram repúdio total à decisão da justiça de reduzir a pena de Brusca ao ponto de oferecer sua liberdade, lembrando que, não bastasse a gravidade dos crimes, o assassino não demonstrou repensado ou se arrependido das atrocidades que cometeu. “O estado está contra nós – depois de 29 anos ainda não sabemos a verdade sobre o massacre e Giovanni Brusca, o jhomem que destruiu minha família, está livre”, afirmou Tina Montinaro, esposa de um dos seguranças mortos no ataque à bomba, ao jornal La Repubblica.

Giovanni Brusca sendo preso em 1996

Brusca admitiu mais de 150 assassinatos quando se tornou colaborador da polícia © Getty Images

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Tanto políticos de esquerda quanto de direita declararam repúdio à libertação de Brusca, que era apelidado dentro da máfia de “O Suíno” e “O matador”, em tradução livre. Segundo consta, as revelações oferecidas pelo criminoso levaram à prisão de diversos assassinos e chefões da Cosa Nostra, mas especialistas no caso afirmam que as revelações de Brusca são totalmente parciais. “Eu nunca o perdoarei, e não acredito que ele tenha dito toda a verdade”, comentou Luciano Traina, policial responsável pela prisão do assassino, e também irmão de outro policial assassinado pelo criminoso.

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