Sustentabilidade

Proibir o comércio de animais silvestres é medida eficaz para prevenir novas pandemias, diz relatório

02 • 06 • 2021 às 10:59
Atualizada em 08 • 06 • 2021 às 09:17
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Enquanto os países que não seguiram a ciência na conduta da pandemia ainda seguem imersos na tragédia do novo coronavírus – como é o caso do próprio Brasil –, organizações internacionais já começam a alertar sobre como evitar as próximas pandemias: uma das medidas fundamentais é combater o comércio de animais silvestres. É esse o alerta central registrado no relatório “Protegendo nosso mundo de futuras pandemias”, lançado pela ONG Proteção Animal Mundial no último dia 26 de maio a respeito dos meios de fiscalização internacionais e a legislação e ação dos países do G20 no combate ao comércio de animais silvestres.

Animal silvestre preso em gaiola

O relatório trabalhou com informações dos países do G20 sobre comércio de animais silvestres

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A premissa, portanto, é tão clara quanto urgente: segundo o relatório, proibir o comércio global de animais silvestres é uma forma eficaz e essencial de prevenir o início de novas pandemias no futuro. O documento aponta uma série de brechas e problemas na legislação dos países que formam o G20 – as 19 maiores economias do mundo e a União Européia – no que diz respeito a tal mercado, que se mistura com o crime organizado e se caracteriza pela crueldade contra os animais e por ser foco de imenso risco à saúde pública.

Pangolim morto sendo vendido em mercado em Gana

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“Embora o foco do mundo permaneça na implantação da vacinação, a prevenção de vírus não deve ser ignorada, pois estima-se que mais de 320 mil vírus de mamíferos estão na iminência de serem descobertos”, diz Helena Pavese, diretora-executiva da Proteção Animal Mundial. Entre os muitos problemas apontados pelo relatório, destacam-se o fato da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (Cites), principal órgão de controle do comércio, não trabalhar com foco na prevenção de doenças transmitidas de animais para seres humanos, a ausência de uma triagem rigorosa para o controle de doenças entre os animais silvestres importados, e a falta de regulação a respeito da quantidade de pessoas envolvidas na cadeia de tal mercado.

Cobras à venda em aquários

A regulação e mesmo proibição do comércio de animais silvestres é passo essencial para a prevenção de uma próxima pandemia

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Como membro do G20, o Brasil possui grande poder de influência em tal dilema, já que o país é um dos grandes criadores de animais silvestres para comercialização, com mais de 430 mil animais em criadouros comerciais no país – por isso um comunicado especial foi enviado a Marcelo Queiroga, atual ministro da saúde, e Carlos Alberto Franco França, ministro das relações exteriores, pedindo que o Brasil defenda a proibição junto a seus pares. “O futuro dos animais, das pessoas e de nossa economia global está nas mãos dos líderes do g20. Acabar com o comércio global de animais silvestres é a maneira mais prática de abordar a prevenção de novas pandemias.”, conclui Pavese. O relatório pode ser lido na íntegra aqui.

Urso preso em fazenda no Vietnã

Urso preso em fazenda no Vietnã © Proteção Animal Mundial/Tim Gerard Barker

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© fotos: Proteção Animal Mundial


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