Ciência

USP aponta eficácia de vírus causador da zika no combate aos tumores cerebrais

07 • 06 • 2021 às 16:17
Atualizada em 07 • 06 • 2021 às 16:37
Redação Hypeness
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Pesquisadores do Centro de Estudo sobre o Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH), da Universidade de São Paulo (USP), obtiveram resultados animadores ao testarem o uso do zika vírus para conter tumores cerebrais no sistema nervoso central e irão começar a testar a técnica de forma mais ampla. Com informações do UOL.

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Os cientistas identificaram no primeiro surto de zika vírus, que causou microcefalia em dezenas de fetos em 2015, que o patógeno atacava células muito similares às que originam alguns cânceres no sistema nervoso central. A teoria é que o vírus iria agir junto do sistema imune para combater o tumor.

Após estudos in vitro, em cães e em ratos, foi descoberto que, de fato, a metodologia pode funcionar. “Explicar o porquê desse mecanismo é algo complexo, mas provavelmente o vírus se adapta melhor ao maquinário das células progenitoras. Ele se replica melhor nelas e as destrói. A partir dessa constatação, decidimos, então, investigar se também atacaria as células-tronco tumorais do cérebro, e a resposta foi positiva. O inimigo virou um aliado, afirmou Mayana Zatz, do CEGH, ao UOL.

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O teste foi feito 29 camundongos, que possuíam tumores humanos no sistema nervoso central. A metodologia com o zika vírus foi efetivo em 20 dos indivíduos e desses, 7 tiveram seus tumores completamente eliminados. O tratamento durou entre duas a quatro semanas.

O vírus foi aplicado de forma pontual na região dos tumores e não causou efeitos colaterais ou sintomas nos animais que receberam o teste. Agora, os pesquisadores buscam autorização da Anvisa para iniciar o tratamento em fase de testes em seres humanos.

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“É o que tem de mais quente na área de terapias avançadas. O que se percebe na biologia é que muitos vírus têm propensão a se multiplicar em células de linhagem tumoral, porque nelas, ao mesmo tempo em que encontram receptores, não encontram resistência. Com base nisso, podemos programar uma terapia antitumoral em uma célula específica que está sendo o problema. Há um campo enorme a ser explorado”, afirmou Renato Astray, diretor do Laboratório Multipropósito do Instituto Butantan.

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Fotos: © Getty


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