Futuro

Canadá não está preparado para calor extremo que já matou mais de 500 pessoas

05 • 07 • 2021 às 19:50 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

A onda de calor sem precedentes que vem castigando o Canadá desde a semana passada já tirou a vida, segundo estimativas oficiais, de mais de 500 pessoas nas diversas regiões afetadas no país. Os especialistas confirmam que o trágico fenômeno é efeito das mudanças climáticas, com uma cidade como Vancouver, por exemplo, alcançado temperaturas recorrentes acima de 30ºC, superando com folga os 21ºC médios registrados historicamente nessa época do ano – em quadro que comprava que um país que sabe bem como contornar o frio como o Canadá não está pronto para enfrentar situações de calor extremo como a atual.

População procura se refrescar nas ruas de Vancouver

População procura se refrescar nas ruas de Vancouver © Getty Images

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Em Vancouver, na região oeste do país, a temperatura atingiu marcas de 49,5ºC na terça-feira passada, com 233 notificações de morte súbita possivelmente relacionadas ao calor. O preocupante recorde até aqui, no entanto, se deu oficialmente na pequena cidade montanhosa de Lytton, que tinha 250 habitantes na província de Columbia Britânica, marcou com 49,6ºC a maior temperatura registrada na história do Canadá – 90% da cidade foi destruída por queimadas florestais, e o local praticamente desapareceu nos últimos dias – vale lembrar que a temperatura média nas montanhas da região costuma ficar nessa época do ano em torno dos 25ºC.

Fumaça ao fundo mostra os incêndios que vem destruindo a pequena cidade de Lytton

Fumaça ao fundo mostra os incêndios que vem destruindo a pequena cidade de Lytton © Jennifer Gauthier/Reuters

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Especialistas sugerem que o quadro não só pode se agravar, como serão recorrentes, e passarão cada vez mais a acontecer anualmente. A Environment Canada, sistema meteorológico da costa oeste canadense, registrou nada menos que 103 recordes de temperatura quebrados entre as províncias da Colúmbia Britânica, Alberta, Yukon e Territórios do Noroeste ao longo da semana passada: em regiões onde as casas não estão preparadas para o calor, não possuem ar condicionado e houve falta de ventiladores à venda, a população mais idosa foi a mais afetada pela onda, sendo maioria entre os óbitos registrados.

Incêndio em Lytton, no Canadá

Os incêndios destruiram 90% da região de Lytton © Reprodução

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Em Montreal foram registradas 12 mortes recentemente por consequência das temperaturas, que superaram 34ºC, com sensação térmica de 40ºC. No inverno, Montreal supera temperaturas de 20 graus negativos com frequência, e a cidade é de tal forma preparada para o emblemático frio que costuma ser uma espécie de símbolo do país, que possui um imenso complexo de corredores e construções subterrâneas. Montreal possui uma verdadeira duplicata da cidade debaixo da terra, com mais de 32 quilômetros de corredores com lojas, apartamentos, hotéis, restaurantes e escritórios para poderem fugir do frio – mas não há alternativa para o inesperado calor extremo.

Os incêndios na Columbia Britânica podem ser vistos à distância

Os incêndios na Columbia Britânica podem ser vistos à distância © AP

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“Mantenho contato com os que perderam um ser querido nesta onda de calor. As altas temperaturas vão se manter no centro e no leste do Canadá, de modo que se assegurem de se proteger e de proteger suas famílias”, escreveu o primeiro-ministro Justin Trudeau no Twitter. A temperatura começou a reduzir no final de semana e espera-se que amenize nos próximos dias, mas a atualização dos números oficiais deve ampliar ainda mais a lista de óbitos por conta do calor na região.

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