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Covid: cidades com prefeitas tiveram quase 50% menos mortes

19 • 07 • 2021 às 15:51
Atualizada em 21 • 07 • 2021 às 10:17
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

Um estudo de cientistas políticos da Universidade de Barcelona, da Universidade de São Paulo e do Insper mostrou que as cidades brasileiras governadas por mulheres tiveram 43% menos mortes e 30% menos internações do que as governadas por prefeitos.

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Os pesquisadores selecionaram cidades onde houve apenas um turno – ou seja, com menos de 150 mil habitantes – e uma competição real entre homens e mulheres no páreo. Os pesquisadores encontraram 700 cidades para encontrar um recorte verdadeiro sobre a diferença entre eleger um homem e uma mulher e como isso pode ter impactado a pandemia de covid-19.

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Os pesquisadores perceberam que dentro do grupo de 700 cidades, as governadas por mulheres tiveram um desempenho muito melhor na hora de conter mortes com medidas como o distanciamento social e a imposição da utilização de máscaras. Mais prefeitas impuseram máscaras do que homens em 8%.

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“Já existem pesquisas mostrando que mulheres, de forma geral, aderiram mais a medidas não farmacológicas de combate à covid-19, como distanciamento social e uso de máscara. Se mulheres de forma geral fazem isso, mulheres prefeitas também devem fazer e essas últimas têm poder político para exigir que a população também o faça“, diz Jessica Gagete-Miranda, pesquisadora de políticas públicas da Università’ degli Studi di Milano Bicocca, na Itália, que leu o estudo, à BBC.

Segundo o artigo, foram 25,5 mortes a menos por 100 mil em cidades geridas por mulheres na comparação com os homens; além disso, foram 30,4% menos internações nessas localidades.

A pesquisa não pode ser tomada como uma verdade absoluta – afinal, o recorte de 700 cidades pequenas não é representativo de todos os municípios brasileiros -, mas indica um caminho importante. Entretanto, ao avaliar as variáveis que justificariam essa diferença, não foi possível observá-las nos números.

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A hipótese de que essas candidatas estariam distantes do campo conservador e do bolsonarismo não aconteceu; na média, elas estavam um pouco mais à direita do que os homens. Além disso, mulheres tem uma escolaridade maior em média do que os homens, mas quando isolados entre si, a diferença de formação não trouxe resultados diferentes de mortes e internações.

“É uma falha não ter uma explicação para o fenômeno no trabalho. Mas mesmo que não saibamos o que provoca essa diferença, seria interessante que os partidos e os eleitores observassem esse tipo de coisa para escolher suas apostas, seus candidatos. O ponto é que existem diferenças na gestão entre homens e mulheres e isso é estratégico”, diz o economista Sergio Firpo, do Insper, à BBC.

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Fotos: © Getty Images


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