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Jeanne Baret: a primeira mulher a dar a volta ao mundo (disfarçada de homem, claro!)

01 • 07 • 2021 às 10:20
Atualizada em 05 • 07 • 2021 às 10:46
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

A história do Ocidente é recheada de boas surpresas. Jeanne Baret é uma delas. De governanta a navegadora, essa mulher nascida no interior da França foi a primeira pessoa do sexo feminino a dar a volta ao mundo em um navio. Entretanto, por conta do machismo, ela só o fez porque estava disfarçada de homem nas expedições. Hoje, vamos contar um pouco da história dela.

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Nascida na Borgonha, Jeanne era caso raro para a sociedade francesa no geral: tratava-se de uma mulher que sabia ler e, antes mesmo da Revolução, dominava conhecimentos amplos sobre a botânica. Entretanto, a sua carreira profissional começou como governanta da residência de Philibert Commerson, um naturalista francês.

Jeanne Baret, exploradora e botanista francesa que foi a primeira mulher a dar uma volta ao mundo

Eles desenvolveram uma amizade longa e, quando Commerson se mudou para Paris, Jeanne o acompanhou para prestar serviços em sua casa. Segundo as fofocas da época, ambos chegaram a ter um filho juntos, mas não se tem confirmação oficial de que esse era o caso.

Em 1765, Commerson foi convidado a participar de uma expedição comandada por Louis Antoine de Bougainville. Sob ordens de Louis XIV, a Boudeuse e L’Etoile iriam zarpar de porto de Rochefort em 1766. Philibert iria chamar Jeanne para ser sua enfermeira, mas a coroa francesa impedia que mulheres embarcassem em expedições marítimas.

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Jeanne então se alistou para a expedição como homem e foi junto de Commerson dar a volta ao mundo. Juntos, eles coletaram diversas espécies de plantas para a ciência francesa. Eles passaram por Montevidéu, Rio de Janeiro, Madagascar, Taiti e outra dezena de lugares ao redor de todo o planeta. O disfarce de Jeanne não durou muito, mas por suas relação íntima com Philibert, ela não foi punida.

Eles passaram mais de sete anos no mar. Posteriormente, após a morte de Philibert, Jeanne voltou à França e se tornou a cuidadora de um taverna em Paris e casou-se com um ex-oficial do Exército Francês. Jeanne foi uma das mais importantes mulheres da história da ciência da França. Em 1785, o governo do país reconheceu seus esforços e passou a lhe pagar uma pensão por seus serviços na expedição:

“Jeanne Barré, por meio de um disfarce, circunavegou o globo em um dos navios comandados por Sr. Bougainville. Ela dedicou-se, em particular, a ajudar o Sr. Commerson, naturalista e botânico, e compartilhou com grande coragem os trabalhos e os perigos desta jornada. Seu comportamento era exemplar e o Sr. Bougainville se refere a ela com todo mérito … Sua Senhoria tem sido gentil o suficiente para conceder a esta extraordinária mulher uma pensão de duzentas libras por ano a ser retirada do fundo para militares inválidos e esta pensão será paga a partir de 1 de Janeiro de 1785“, afirmava um documento oficial do Exército.

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Ela faleceu em 1807 na vila de Saint-Aulaye, no sul da França. Ela foi homenageada ao nomear a espécie Solanum baretiae, uma planta similar ao tomate conhecida por suas belas flores.

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Fotos: Wikimedia Commons


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