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McDonald’s: maior franquia da lanchonete no mundo é investigada por racismo e assédio

08 • 07 • 2021 às 10:42 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Sediada em Buenos Aires mas com centenas de restaurantes na América Latina e no Brasil – e 171 lojas somente em São Paulo – a Arcos Dorados é a maior franquia independente do McDonald’s em vendas no mundo – e agora se torna também alvo de centenas de denúncias por assédio sexual, moral e racismo no país. As acusações estão sendo investigadas pelo Ministério Público do Trabalho no Brasil, e envolvem superiores e jovens funcionários em casos graves que colocam a Arcos Dorados como investigada no Brasil.

McDonald's

A Arcos Dorados é a maior franquiadora McDonald’s no mundo – mais de 2 mil lojas em 20 países © Wiki Commons

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São 136 denúncias somente nos 171 restaurantes da capital paulista, e que envolvem cenas como a de um superior abordando por diversas vezes um funcionário no banheiro e na área de almoço de uma lanchonete da rede em Curitiba – o funcionário de 19 anos enviou dois e-mails com pedidos de socorro, e contou com o relato de uma cliente que testemunhou um dos momentos de assédio. O superior no Paraná, segundo a denúncia, chegou a ejacular sobre o jovem quando este descansava em um momento de intervalo de trabalho.

Sede da Arcos Dorados

Sede da empresa, que atua em toda América Latina, em Buenos Aires © divulgação

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O inquérito foi aberto no dia 22 de junho pela procuradora do trabalho Elisa Maria Brant de Carvalho Malta, partindo de representação realizada pela União Geral dos Trabalhadores (UGT) – em ação que começou com o levantamento de práticas anti-sindicais realizadas pela empresa. A descoberta das queixas envolvendo casos de assédio e racismo se encontravam justamente na Justiça do Trabalho, dentro do universo de ações contra a Arcos Dorados – a UGT levantou 22 casos na Justiça do Trabalho que envolvem situações de agressão, assédio sexual, assédio moral, homofobia e transfobia no contexto das lojas da rede de franquias.

O colombiano Woods Staton, dono da Arcos Dorados

O colombiano Woods Staton, dono da Arcos Dorados © Divulgação

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Segundo a procuradora, a Arcos Dorados não apresentou documentos que comprovem a tomada de medidas que combatessem tais práticas. Em nota, a empresa afirmou “seu total compromisso com a promoção de um ambiente de trabalho inclusivo e respeitoso, onde as pessoas se sintam seguras e tenham liberdade plena de expressão, e reforça que não tolera nenhuma prática de assédio ou discriminação.” A Arcos Dorados possui 2.200 restaurantes próprios e subfranqueados em mais de 20 países, com 100 mil funcionários trabalhando em tais estabelecimentos.

Loja McDonald's em São Paulo

Loja McDonald’s em São Paulo © Wikimedia Commons

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