Sustentabilidade

Pandemia causou queda de até 17% na frequência dos banhos no Reino Unido, diz pesquisa

01 • 07 • 2021 às 20:38 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

A pandemia alterou toda nossa realidade, inclusive em nossas práticas mais cotidianas – atingindo até mesmo eventuais hábitos higiênicos. É isso que relata uma reportagem publicada recentemente pelo New York Times e assinada por Maria Cramer, mostrando que nos EUA e no Reino Unido a pandemia da Covid-19 fez com que muita gente abandonasse os banhos diários, e transformasse tal prática básica em um compromisso não mais diário, mas em muitos casos semanal – a mudança foi justificada pelo cansaço, pelo excesso de tarefas em casas impostas pela quarentena, mas também pela perda do sentido funcional habitual que, segundo os entrevistados, o banho antes possuía.

chuveiro

A reportagem relata estudo que afirma que 17% da população britânico teria deixado o banho diário

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A reportagem parte também de pesquisa que afirma que 17% dos britânicos deixaram de tomar banhos diariamente a partir da imposição da pandemia, em tendência seguida por parte da população dos EUA. Os personagens retratados na matéria afirmam que os banhos se tornaram semanais e a higiene diária passou a ser feita através da limpeza das partes íntimas e axilas, assim como limpezas bucais e aplicação de desodorante. Outras pessoas afirmaram ter passado a se banhar a cada dois dias, já que tarefas cotidianas como levar os filhos à escola ou mesmo ir fisicamente ao local de trabalho deixaram de acontecer em contexto de lockdown.

mulher lavando os cabelos

Pessoas relataram ter melhorado a saúde dos cabelos após deixar de lavar todos os dias

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Segundo a escritora Heather Whaley, entrevistada para a matéria, os banhos deixaram de ser uma exigência e um compromisso funcional diário, para se tornarem uma prática pelo seu prazer a agrado pessoal. A mudança, segundo relato, melhorou até mesmo a aparência: diversas pesquisas sugerem que o uso diário de produtos como shampoo e sabonetes pode prejudicar a pele e os cabelos – outro ponto levantado foi a questão ambiental, já que o desperdício de água é hoje problema central dentro do tema: a consciência ecológica foi também apresentada como motivadora para a mudança do hábito, já que um simples banho de 8 minutos é capaz de gastar cerca de 64 litros de água, segundo a matéria.

homem se banhando

Para os entrevistados, o banho na pandemia deixou de ser um compromisso para virar um momento de prazer

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Cada banho também representa o uso de mais recipientes plásticos, sabão e poluição por microplásticos presentes em produtos de higiene, e para ambientalistas, em tempos em que medidas urgentes são determinantes para reduzir o efeito sobre o meio ambiente, a redução do número de banhos seria parte necessária. A reportagem também lembra que o hábito de se tomar banho diariamente é relativamente novo, e remonta, no contexto dos EUA, ao início do século XX, quando as pessoas passaram a habitar as grandes cidades. A matéria, republicada pelo jornal O Estado de São Paulo, pode ser lida aqui.

homem se banhando no chuveiro

O combate ao desperdício de água foi também apresentado como motivador

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© fotos: Getty Images


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