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Uma declaração de Henry Charlles Lima da Silva, coordenador da Funai no Vale do Javari (AM), e tenente da reserva do Exército, demonstra que o pensamento genocida da época da colonização do Brasil segue vivo no país. Em áudios obtidos e checados pela Folha de São Paulo, o militar incentiva uma guerra entre povos indígenas, sugerindo a líderes do povo marubo a disparar contra outros grupos isolados caso sejam “importunados” por eles.
O membro do exército chegou a dizer que gostaria de “meter fogo nos isolados”, em referência aos indígenas isolados.
“Eu vou entrar em contato com o pessoal da Frente [de Proteção Etnoambiental] e pressionar: ‘Vocês têm de cuidar dos índios isolados, porque senão eu vou, junto com os marubos, meter fogo nos isolados’”, disse Henry. A fala foi registrada em 23 de junho, durante uma reunião na aldeia Vida Nova.
Leia mais: Indígenas isolados na mira do governo federal em PL que pode causar genocídio; entenda
No áudio, Henry diz que o governo Bolsonaro não consegue atuar na área indígena “por questões ideológicas”
Ele continuou o discurso, “não estou aqui pra desarmar ninguém, também não estou aqui pra ser falso e levantar bandeira de paz. Eu passei muito tempo da minha vida evitando a guerra, mas se a guerra vier, nós também não vamos correr. Se vierem na terra de vocês, vocês têm todo o direito de se defender”.
O coordenador estaria “lidando” com um problema ocorrido 16 dias antes de sua visita, quando isolados teriam raptado uma mulher de 37 anos de uma aldeia vizinha, segundo relatos dos marubos. Depois de quatro horas de busca, ela foi encontrada sozinha na mata, com as mãos amarradas. De acordo com relatos, aquela teria sido a terceira tentativa de sequestro da mesma mulher desde o final de 2020.
O aparecimento dos isolados nessa região do rio Ituí não foi confirmado e está sendo investigado pela Frente de Proteção Etnoambiental Vale do Javari, que não é subordinada à Coordenação Regional, responsável apenas pelas populações indígenas contatadas. Ao que indica a apuração da Folha, não há povos isolados que falam português ou recebem ajuda da Funai. Logo, se supõe que Henry tenha confundido a ocorrência dos marubos com os korubos, povo indígena de recente contato.
Em resposta à Folha, o advogado Eliesio Marubo, procurador jurídico da Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari), disse que a fala de um representante do Estado brasileiro contra as populações indígenas isoladas “coloca a discussão em um patamar gravíssimo”.
“Ele põe as populações daquele lugar contra os isolados, incentivando um massacre. A gente sabe muito bem que o povo marubo detém a possibilidade de fazer contra ofensiva aos isolados, e não queremos isso”, disse o advogado. Até a conclusão deste texto, a Funai não respondeu à Folha ou se pronunciou publicamente.
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