Inspiração

Zalia Avant Garde e a mágica da garota negra que entrou para a história do basquete e da soletração

30 • 07 • 2021 às 14:45
Atualizada em 03 • 08 • 2021 às 10:37
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Se, no Brasil, os concursos de soletração não movem tantas multidões ou paixões, nos EUA esse tipo de competição é uma verdadeira tradição nacional – e, como tal, é também contexto para a desigualdade racial que marca as relações sociais no país. É diante desse cenário que a jovem Zaila Avant-Garde fez história e jus ao sentido de seu sobrenome ao se tornar a segunda competidora negra a vencer o Spelling Bee, concurso nacional de soletração do país disputado entre adolescentes – e a primeira nascida nos EUA.

Zaila Avant-Garde

O momento em que Zaila Avant-Garde se sagrou campeã no concurso © reprodução

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Aos 14 anos, Zaila está na oitava série do ensino fundamental em uma escola em Nova Orleans, e superou 10 finalistas para conquistar o primeiro lugar na competição e os 50 mil dólares de premiação – valor equivalente a cerca de 262 mil reais. A importância simbólica do seu feito no contexto da cultura estadunidense não é pouca: o Spelling Bee é um concurso que já ocorre há quase 100 anos – Zaila, por sua vez, participa desse tipo de competição há somente 2 anos, e se tornou também a primeira estudante do estado de Louisiana a vencer a competição.

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“Eu espero que, em alguns anos, eu possa ver muito mais mulheres afro-americanas, e homens também, se saindo muito bem no Concurso Nacional de Soletração”, afirmou Zaila, lembrando que o Spelling Bee pode funcionar como uma porta de entrada para o interesse na educação de modo geral. “Ganhar, enfim, a competição, com o melhor resultado possível, é realmente muito bom”, comentou. Antes dela, a jamaicana Jody-Anne Maxwell foi, em 1998 aos 12 anos de idade, a primeira ganhadora negra do concurso.

Zaila Avant-Garde

Zaila com o troféu de soletração do tradicional concurso nos EUA © reprodução

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Curiosamente, esse não é o primeiro feito digno de um recorde realizado por Zaila, e o motivo pelo qual seu nome conste no Guinness nada tenha a ver com soletração ou mesmo educação: a jovem, que também é jogadora de basquete, em seu nome como recordista em três marcas no Livro dos Recordes com bolas de basquete. Zaila é recordista de bolas sendo dribladas ao mesmo tempo – seis bolas por 30 segundos –, o maior número de quicadas de uma bola no chão – 307 em 30 segundos – e o maior número de malabarismos batendo no chão – 255 com 4 bolas em somente 1 minuto.

A palavra campeã

Seu feito mais recente foi comemorado nas redes sociais por personalidades como a primeira-dama Jill Biden, a prefeita de Nova Orleans, LaToya Cantrell, e Bernice King, filha mais nova de Martin Luther King Jr. A palavra que Zaila teve de soletrar para conquistar o concurso nacional foi “Murraya”, que dá nome a um gênero botânico conhecido em português como “murta”, planta muito popular na Ásia e costumeiramente utilizada em projetos paisagísticos.

Zaila Avant-Garde

A jovem no palco de um programa de TV demonstrando suas habilidades recordistas no basquete © Getty Images

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© fotos: créditos


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