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A imperatriz romana Elagabalus (ou Heliogabalus), apesar de ter sido líder de um dos mais famosos e poderosos impérios da história da humanidade, sofre com o chamado apagamento histórico por parte dos historiadores. Nas poucas vezes em que é lembrada ou citada, Elagabalus é associada a termos como excêntrica, decadente, fanática, promíscua ou até mesmo nojenta. O que não se fala, entretanto, em algo que pode ser visto como transfobia, é que ela foi a primeira – e única – líder transgênero da história.
Durante seu reinado Elagabalus era lida como um homem, mas Cássio Dio, um estadista romano que acompanhava de perto a vida dos imperadores, a descrevia de outra forma. Em seus escritos Dio referia-se a Elagabalus por meio de pronomes femininos e também relata que adorava ser chamada de amante ou esposa. As escrituras também mostram que ela usava maquiagem, perucas e preferia ser tratada como “senhora” ao invés de “senhor”. Há inclusive escrituras que dizem que Elagabalus oferecia pagamentos significativos a qualquer médico que pudesse dar a ela o equivalente à uma genitália considerada feminina por meio de uma intervenção cirúrgica.
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Durante seu reinado também aconteceram importantes conquistas femininas. Pela primeira vez na história as mulheres foram admitidas no senado e, sua mãe e sua avó, receberam títulos senatoriais. Sendo a responsável por estabelecer um senado feminino, Elagabalus foi acusada por muitos por praticar “corrupção moral” na época.
Vindo de uma família árabe, da região onde hoje conhecemos como Síria, Elagabalus ascendeu ao poder muito jovem, aos 14 anos. Com sua identidade de gênero sendo muito mal vista na época, uma vez que na Roma Antiga “se travestir” era permitido apenas durante um festival pagão conhecido como Saturnália, fora desse ritual a prática era vista como inaceitável. Homens que assumissem uma identidade de gênero diferente daquela atribuída no momento do nascimento eram executados e deveriam usar roupas femininas por três dias antes da execução.
O quadro “As Rosas de Heliogabalus de Alma” (Tadema – 1888) retrata uma ocasião que Elagabalus supostamente teria tentado sufocar os convidados da festa até a morte com um cobertor de rosas e violetas jogado de cima
A identidade de Elagabalus não era bem vista na época, e frequentemente recebia acusações de afeminação ou então críticas por depilar seu corpo. A consequência disso foi que ela foi perdendo apoio do seu próprio povo, como dos soldados da Guarda Pretoriana, por exemplo. Por fim, perdeu o apoio de seus cortesãos e também de sua avó.
Em um momento de crise do Império Romano, Cássio Dio escreveu que Elagabalus se propôs a se prostituir por um preço absurdamente alto. Em tempos fora de crise, também há relatos de que ela se prostituía em tabernas e bordéis.
Depois de perder o apoio de sua avó, que decidiu que ela seria substituída por seu primo, Severo Alexandre, o caminho da ruína, decorrente do preconceito, não teve mais volta. Na época Alexandre tinha 15 anos e ainda governou durante um ano junto com sua prima, até que Elagabalus percebeu que a guarda do império preferia seu primo e organizou algumas tentativas de assassinar Alexandre, depois de não ter também o apoio do senado.
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A Guarda Pretoriana então se organizou e matou Elagabalus, retirando seus órgãos vitais e arrastando seus corpo pelas ruas com um gancho até a jogarem no rio Tibre. Após sua morte, seus partidários também tiveram o mesmo destino ou então foram depostos, seus éditos religiosos foram revertidos, as mulheres foram proibidas de comparecer ao senado e ela foi convenientemente apagada dos registros públicos.
Como último ato do apagamento de sua existência, sua estátua foi re-esculpida com o rosto cisheteronormativo de seu primo Alexandre. Essa prática era reservada para aqueles que eram considerados desgraçados e foi dessa forma que a memória da primeira líder transgênera foi totalmente apagada.
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