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“A Ceia de Emaús” é uma das mais importantes obras do artista italiano Caravaggio. Pintado em 1602 com a técnica de óleo sobre tela, este marco da arte está bem guardado no acervo da National Gallery de Londres. Mas tantos anos depois, um detalhe despertou novamente os olhares para a pintura.
A cena faz alusão ao encontro no caminho de dois discípulos com Cristo ressuscitado, narrado pelo evangelista São Lucas (24,13-32). Convidados para jantar, já que a cena se passa num momento de pouca luz, os discípulos só reconhecem seu Mestre quando ele abençoa e parte o pão. Então, a visão de Cristo se desvanece.
No Evangelho segundo São Marcos (16,12) é dito que Jesus também apareceu a eles “de outra forma”, razão pela qual Caravaggio não pintou Cristo com a barba que ele usava na idade de sua crucificação, mas apenas como ele pensava que era em sua juventude.
A luz que incide bruscamente do canto superior esquerdo, ilumina a cena, destacando o momento em que os olhos dos discípulos se abrem e o ver se torna o reconhecimento. A iluminação é uma alegoria, pois faz com que os objetos pareçam nítidos, tornando-os visíveis aos olhos, destacando a visão dos discípulos, o da esquerda levanta-se de seu assento impressionado, visão que vai desaparecer em um instante.
Na pintura, além dos personagens que compõem a cena, Jesus Cristo presidindo o jantar, seus discípulos Lucas e Cleofas e o criado que os atende, Caravaggio nos presenteia com uma natureza morta, uma engenhosa artimanha para desviar o interesse do observador da cena que está retratando.
Com uma atraente cesta de frutas, localizada quase na borda da mesa, cria a ilusão de que o objeto se projeta para fora da tela, afastando-se da pintura para contemplar seu atraente conteúdo de romãs vermelhas, algumas uvas apetitosas, entre outras.
Em artigo para a BBC, Kelly Grovier aponta para um segredo escondido justamente nesta cesta de vime da pintura “A Ceia de Emaús”. Nele, o poeta, historiador e crítico de arte norte-americana faz alusão ao significado de uma imperfeição quase imperceptível que passou despercebida durante quatro séculos, desde que a pintura foi encomendada pelo nobre italiano Ciriaco Mattei em 1601.
Trata-se de olhar atentamente para a cesta de frutas, da qual sai um galho solto de sua trança. Aquele pedaço de vime saindo da cesta parece mostrar um antigo símbolo cristão.
O defeito na trama da palha nos atrai, parece que vemos duas curvas que se cruzam, uma que desvia para cima, mais iluminada, e a outra, na sombra, para baixo, para formar inesperadamente a silhueta de um peixe, um “Ichthys” na língua do antigo simbolismo cristão. O mesmo símbolo pode ser visto na sombra projetada à direita da cesta.
“De acordo com as primeiras tradições eclesiásticas, o emblema ichthys, que remonta ao século 2 como um sinal de fé cristã, era usado como uma espécie de aperto de mão secreto por seguidores que temiam a perseguição de não crentes”, escreve Kelly.
Esse detalhe, o historiador nos assegura, “Ao acentuar conscientemente apenas uma parte do contorno do ichthys, projetando um raio de luz em uma das hastes soltas enquanto mantém a outra, atrás dela, em relativa sombra, Caravaggio se aproxima do ritual rudimentar de inscrever metade do símbolo do peixe”.
Para garantir que alguém estivesse na companhia de um seguidor de Cristo, um arco semicircular foi desenhado no chão. Se a esse gesto aparentemente inofensivo o estranho acrescentava um arco reflexivo, formando assim a silhueta de um peixe, o ritual silencioso de se reconhecer era considerado retribuído.
Composto por dois arcos que se cruzam, o símbolo Ichthys lembra o perfil de um peixe. O peixe é um símbolo recorrente no Novo Testamento, assim como o pescador: a multiplicação dos pães e peixes, a pesca milagrosa ou o peixe grelhado comido por Jesus após sua ressurreição.
Cinco anos depois de terminar seu primeiro jantar, Caravaggio retomou o mesmo tema para uma nova versão da história do Evangelho, uma obra em exibição na Pinacoteca di Brera de Milão. Sua interpretação da cena é muito mais crua. A luz é escassa e as sombras se tornaram uma desolação avassaladora. A cesta de frutas, com seu vime puído, desapareceu completamente da mesa.
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