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Foi o próprio Marlon James quem deu, sem querer, o apelido pelo qual seu novo livro vem sendo chamado: durante as divulgações de seu livro anterior, o best-seller Breve História de Sete Assassinatos, ao responder à imprensa sobre como seria seu próximo livro, o autor jamaicano afirmou que seria uma espécie de “Game Of Thrones africano”. A afirmação gerou tanta curiosidade que chegou até mesmo ao próprio George R. R. Martin, que chegou a telefonar para James – e, ainda que sejam obras evidentemente diversas, de fato a fantasia em saga de Martin e que se tornou uma das séries de maior sucesso em todos os tempos foi referência determinante para Leopardo Negro, Lobo Vermelho, o novo livro de James, primeiro de uma trilogia, e que enfim chega ao Brasil pela editora Intrínseca.
O autor jamaicano Marlon James busca as mitologias africanas em seu novo livro
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Natural de Kingston, capital jamaicana, o autor de 50 anos cresceu sob o incentivo dos pais para a leitura, e assim imerso em obras como J.R.R. Tolkien – o autor de “O Senhor dos Anéis” é influência evidente também sobre Martin – e histórias em quadrinhos, e conforme se aproximava do ofício da escrita ia percebendo que essas referências não retratavam suas origens, sua cultura, nem muito menos a história de seus antepassados. No livro anterior, Breve História de Sete Assassinatos James já inicia o movimento para dentro de seus próprios cenários e mitologias pessoais ao se valer do atentado contra a vida do cantor e compositor jamaicano Bob Marley, ocorrido em 1976, como cenário da história.
“Leopardo Negro, Lobo Vermelho” chega ao Brasil pela Editora Intrínseca © Divulgação
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Com esse que foi seu terceiro livro ele se tornou o primeiro jamaicano a vencer o prêmio Man Booker Prize, em 2015 – mas o mergulho em suas raízes se tornaria mais profundo e definitivo no livro seguinte. A busca em Leopardo Negro, Lobo Vermelho foi justamente em levantar uma saga mas abrindo mão da lente eurocêntrica e da lógca cristã e maniqueísta que costuma reger as narrativas mais populares, e se valendo da complexidade do folclore africano para, inclusive e segundo o autor, compreender a própria África e suas raízes sem ter a cultura europeia como mediadora: para James, as mitologias africanas, mais sensuais, menos moralistas, sem tantos dualismos entre bem e mal, masculino e feminino, se revelaram determinantes para a criação dessa primeira parte de sua trilogia.
James ao vencer o Man Booker Prize, em 2015
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O lançamento se dá ao redor principalmente de dois personagens principais – o lobo e o leopardo a que se refere o título. Ambos agem como mercenários, um sob o apelido de Rastreador e dono de um olfato especialmente acurado, e outro, um ser que se transforma tanto em ser humano quanto em bicho. Os dois são contratados por um traficante de escravos para saírem em busca de uma criança roubada que, em uma África pré-colonização anterior ao século XIV, possivelmente é o príncipe de um vasto império. Assim como “Game of Thrones”, a história mistura uma grande gama de personagens, entre bruxas, prostitutas, mercenários e reis, em uma narrativa que também traz violência e sexo como veículos de uma história que alia ao sentido épico e político uma profundidade até mesmo antropológica.
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A desconstrução dos padrões de sexualidade e gênero fazem parte importante do repertório de forças que atravessam as obras de James – e, em meio a uma profusão de bêbados, vampiros, alquimistas, sereias, gigantes, canibais, fantasmas, eunucos, soldados e entidades que remontam às tradições que também se popularizam no Brasil através das culturas do candomblé, tais questões sexuais e de gênero também se apresentam em seu novo livro. A expectativa por Leopardo Negro, Lobo Vermelho era tamanha que o ator Michael B. Jordan adquiriu os direitos de adaptação da história para as telas antes mesmo de ler o livro: os dois atualmente também trabalham nos primeiros desenvolvimentos de um roteiro.
O novo livro é o primeiro de uma trilogia prometida pelo autor
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Tal complexidade se traduz no próprio estilo de escrita de James, que se vale de referências e traços de dialetos africanos para elevar sua história. Essa busca por suas próprias raízes se apresenta também de forma complexa e multifacetada para um autor que, por ser gay, diante da profunda homofobia que marca sua Jamaica natal, hoje vive nos EUA, de onde vê o reconhecimento de sua literatura crescer vertiginosamente, na dimensão quase 800 páginas cheias de mitos e batalhas enfeitiçadas que marcam seu novo livro, através do qual busca se despir das noções racistas e colonialistas que tanto determinaram nossas histórias, nossas memórias, nossas mitologias: Leopardo Negro, Lobo Vermelho vem sendo apresentado pela crítica como um romance de realismo fantástico africano, uma distopia anticolonial, um épico negro.
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