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O conceito e a representação da masculinidade na sociedade é legitimado e construído a partir de princípios machistas, heterossexuais e cisnormativos, a partir do padrão binário de gênero. Toda essa construção tem como objetivo manter e perpetuar as chamadas estruturas de poder. Mas afinal, o que é masculinidade? Elas podem ser plurais e não seguir um único padrão? Para nos ajudar a entender essa construção, o ‘Prosa’ convidou o ativista e presidente da União Nacional LGBT, Andrey Lemos, o professor de inglês e homem transgênero Luiz Gustavo Mayran e o pai, diretor e roteirista Fabio Delai para um debate.
O conceito de masculinidade amplamente difundido na sociedade e que nos é imposta, tem a representação de um homem forte, viril, que não chora e usa azul, já que o rosa é coisa de mulher. Há entretanto, homens que divergem dessas normas de gênero e sexualidade e acabam se deparando com diversas estigmatizações ao expressar e viver suas experiências. Esses homens passam a lidar com o constrangimento, o preconceito, a perda de direitos básicos e até violências físicas e psicológicas.
Para Andrey Lemos, a pluralidade, entretanto, está presente na sociedade brasileira, inclusive quando falamos de masculinidades.
Projeto debate masculinidades negras com recorte LGBTQ+
“Masculinidade é um conjunto de comportamentos, sentimentos, ideias e símbolos que vai categorizando na sociedade enquanto gênero. Existe uma produção que hegemoniza uma ideia de que para ser homem precisa falar grosso, gostar de futebol e não sentir dor, mas isso na verdade. É uma visão construída a partir de um único sujeito, sem reconhecer essa diversidade presente na sociedade. No Brasil especificamente nós recebemos um conceito que é do colonizador, e ele não nos cabe. Hoje temos muita produção nos movimentos sociais de que essas masculinidades são múltiplas, plurais e diferentes”.
Para o diretor Fabio Delai, que se colocou durante a prosa como um homem brancos, heterossexual, cisgênero e ciente dos privilégios que essa condição o trazem, essa construção social do que é a masculinidade impede homens, por exemplo, de pedir ajuda em determinados momentos pelo fato de não poderem demonstrar fraquezas.
O conceito de masculinidade imposto na nossa sociedade remete a um homem, forte, viril, que não chora e fala grosso
“Estou em um momento da minha vida que estou fazendo terapia e relutei muito. Depois fui vendo que era por preconceito, e acho que tá muito enraizado isso da masculinidade. A ideia de que você não pode ser fraco e tem que bancar tudo e todo mundo. Tive uma educação machista e homofóbica, mas sai de casa com 17 anos e comecei uma desconstrução e foi caindo a ficha para mim de um mundo diferente daquilo que me foi ensinado. Na terapia comecei revisitar várias lembranças e ensinamentos do meu pai que eu queria fazer diferente para o meu filho. A minha geração já tem uma carga emocional muito grande, carrego uma masculinidade tóxica comigo, mas tento não passar para ele”.
Luiz Gustavo, que é nascido na região Nordeste, também destacou que o próprio conservadorismo de determinadas regiões ou religiões, favorece uma reprodução do machismo e do que é a masculinidade. Para ele, a performance de uma masculinidade diferente daquela que é imposta, faz inclusive alguns homens questionarem se realmente são homens.
Ela criou uma série de retratos para desafiar o conceito de masculinidade tóxica
“Esse conceito de homem cisgênero não convida o homem a pensar, esse homem nunca é questionado ou provocado a pensar a própria masculinidade. Eu vejo a masculinidade, enquanto um homem trans, como uma expressão de símbolos e um conjunto de costumes, atitudes e significados. Assim como a feminilidade, a masculinidade também é uma característica performada. Construir a masculinidade com esse referencial traz o questionamento se você realmente é homem”.
Também foi levada para a prosa a necessidade de se construir um “novo modelo de homem”, termo usado pelo sociólogo Tulio Custódio para se referir justamente a todas essas masculinidades que são tão plurais. Para Andrey, esse novo modelo seria uma forma de externalizar a forma como nos sentimos, nos identificamos e nos colocamos para o mundo.
“Repensar o modelo de homem é repensar o padrão que é hegemonizado na sociedade. Eu penso que quando nascemos não deveríamos ter homem ou mulher na certidão de nascimento, pois um corpo biológico não estará necessariamente vinculado a uma identidade, e essas identidades são múltiplas. O que importa é nossa felicidade e bem-estar social, e pensar esse novo modelo é colocar para fora como nos identificamos, e existem várias formas de estar e se colocar no mundo”.
A educação das crianças também faz parte da construção de uma masculinidade plural e não tóxica
Delai também destacou uma espécie de oposição que existe entre o que é masculino e o que é feminino. “A gente tem vários caminhos para olhar a masculinidade e refletir, como por exemplo a filosofia, a cultura, política e educação. A masculinidade é trabalhada de forma inversa ao que é a feminilidade, elas são colocadas como opostas e não se unindo. Acho que devemos ressignificar a palavra masculinidade para mudarmos enquanto sociedade“.
Luiz também destacou que em sua concepção esse novo conceito de masculinidade deve ser presente, sensível e ouvinte.
O episódio também abordou questões como masculinidade para homens trans, criação de filhos homens, projeções opressoras da sociedade, masculinidades tóxicas, transmasculinidades e muito mais!
Ficou curioso para saber o que mais rolou nessa prosa? Então aperta o play, sinta-se em casa e vem com a gente! Ah, também guardamos dicas culturais incríveis para você nesse episódio enquanto aprecia um café com BIS Xtra, que tem muito mais chocolate e traz o descontrole na dose certa, afinal, é impossível comer apenas um!
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