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Um bar, uma mercearia, uma livraria, um ponto de encontro. A Mercearia São Pedro, ou Merça para os assíduos frequentadores, pode estar com os dias contados. Reduto de escritores, jornalistas e boêmios da capital paulistana, um dos imóveis mais queridos da Vila Madalena deve fechar em meio à desentendimentos entre os irmãos e sócios, além de processos na justiça.
Marcos Benuthe, conhecido como Marquinho, é um dos sócios do tradicional comércio fundado pelo pai, há 53 anos.
Quando a nossa família mudou pra Vila Madalena, eu tinha 11 anos e meio. Meu pai não queria bar de jeito nenhum. Dos 4 filhos, eu era o que tinha vocação e amor pelo nosso comércio, já trabalhava com o pai no nosso ’empório ganha pouco’ no Itaim Paulista, desde os 8 anos. Meu tio Jorge ajudou o pai a montar um deposito de material de construção, não me conformei e montei o bar paralelamente ao ‘deposito’. O bar vingou
No dia 18 de agosto, em entrevista à Folha de S.Paulo, Marcos afirmou que o bar fecharia nos próximos meses e que, junto com outros imóveis da família na mesma quadra, seria demolido para a construção de um prédio de luxo.
“Eu definiria com aquela frase: é o poder da grana que destrói coisas belas. Nos últimos anos, a mercearia já não é a mesma. Este fim era inevitável. Desde alguns meses antes da pandemia, ela já vinha definhando”, disse Benuthe à Folha falando sobre a venda do terreno à uma incorporadora.
No mesmo dia, o irmão de Marcos, Pedro Anis Benuthe, negou a informação em um áudio compartilhado em grupo de whatsapp. Segundo nota publicada no Estadão pelo jornalista e escritor Marcelo Rubens Paiva, frequentador da Merça desde muitos anos, a demolição do bar “é fake, eles compraram realmente a Rua Harmonia com a Rodésia, a outra esquina”.
Merça não vai ser demolida, nem vendida. Um dos donos acaba de negar a nota publicada.
— Marcelo Rubens Paiva (@marcelorubens) August 18, 2021
A própria Even, construtora colocada como compradora dos imóveis negou em diversos comentários nas redes sociais que a compra esteja em negociação.
Segundo reportagem do portal G1, o que aconteceu na verdade foi um grande desentendimento entre os irmãos Marcos Benuthe e Pedro Anis Issa Benuthe. Após apuração, o jornalista Rodrigo Rodrigues conta que Marcos acionou a Justiça alegando que, aos 64 anos, tem os imóveis são sua principal fonte de renda, mas que Pedro não faz o repasse a ele há anos.
Pela impossibilidade de um acordo, a juíza Mariana de Souza Neves Salinas, da 31ª Vara Cível da capital paulista, determinou que os três edifícios da Rua Rodésia pertencentes à família, localizados nos números 16, 20 e 26, devem ser vendidos para a divisão de bens entre os irmãos.
O imóvel onde fica a Mercearia São Pedro, no número 34, ainda está com processo tramitando na justiça, sem decisão até o momento.
A mercearia ganhou este nome pois começou como vendinha, um pequeno comércio familiar. Na época, em 1968, como conta Marcos em suas redes sociais, os clientes eram, em grande parte, peões das muitas construções que já existiam na Vila Madalena.
“Faziam compras mensais, a crédito. O instinto de sobrevivência pedia a diversificação, uma vitrine oferecia perfumaria, meias, lenços, gravatas, cuecas, calcinhas, brinquedos, etc. O pessoal gostava.. Camisinha ainda não estava na moda. Tinha pipa de fabricação própria, revistas, material de construção. Já vendemos quase tudo”, conta.
Quando a família mudou pra Vila Madalena, Marcos tinha 11 anos e meio. “Meu pai não queria bar de jeito nenhum. Dos 4 filhos, eu era o que tinha vocação e amor pelo nosso comércio, já trabalhava com o pai no nosso ’empório ganha pouco’ no Itaim Paulista, desde os 8 anos. Meu tio Jorge ajudou o pai a montar um deposito de material de construção, não me conformei e montei o bar paralelamente ao ‘deposito’. O bar vingou”.
A decoração da Merça não passa despercebida. Marcada por cartazes de filmes, livros e discos, ela acolheu público frequentador que incluía grandes nomes como Xico Sá, Marcelo Rubens Paiva, Marcelino Freire, Mário Bortolotto, a cartunista Laerte Coutinho, que assina a logomarca do estabelecimento, e até jogadores de futebol, como Sócrates e Casagrande.
Marcos Benuthe com Marcelo Rubens Paiva e Xico Sá, no lançamento de “Um Homem Ridículo” do Marcelo, na Merça
O bar é conhecido pelo delicioso pastel, cerveja gelada e pela forte carga cultural que manteve ao longo dos anos. No começo de 2020, acontecia o Em Cena na Merça, que recebeu a montagem da atriz, diretora e roteirista Fernanda D’Umbra, para o livro “Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios”, de Marçal Aquino.
Enquanto a decisão sobre o imóvel fica com a justiça e o debate cresce na internet, Marcos Benuthe planeja a abertura da livraria RIA, que ocupava um dos ambientes da Mercearia São Pedro. O plano é que o espaço seja aberto ao público depois da regressão da pandemia, até o fim deste ano.
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