Ciência

Tarcísio Meira morreu de covid com 2 doses da vacina e especialistas detalham caso

12 • 08 • 2021 às 12:18
Atualizada em 16 • 08 • 2021 às 10:31
Redação Hypeness
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Nessa quinta-feira (12), o ator Tarcísio Meira teve sua morte confirmada. Vitimado pela covid-19, o astro da televisão e do novo cinema brasileiro faleceu aos 86 anos. Meira havia tomado duas doses da vacina e ainda assim morreu por conta da doença. O que isso significa?

O fato não indica que as vacinas não funcionam, mas relembra que elas não são 100% eficazes e mortes ainda podem acontecer enquanto o vírus estiver circulando. A Coronavac – imunizante aplicado em Meira – tinha um eficácia de 49,9% em pessoas com mais de 80 anos, como Tarcísio. A idade do ator contribui para uma menor eficácia do imunizante.

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“O sistema imune dos idosos é mais lento em dar sua resposta, então o pico acontece, em geral, de forma retardada em relação aos jovens. Até o idoso conseguir fazer uma resposta mais eficaz demora um pouco mais de tempo e eventualmente prejudica [a recuperação], além do próprio envelhecimento do pulmão”, explica o geriatra Natan Chehter, do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Basicamente, o sistema imune de pessoas idosas tem mais lentidão em reagir contra os vírus no geral – por isso que mais mortes por gripe e covid-19 são registradas nessa faixa etária. Mesmo com as vacinas dando um empurrãozinho na luta contra o Sars-Cov-2, elas podem não funcionar.

“No momento em que os brônquios estão inflamados, com o pulmão sob ação de um vírus, a resposta normal deste órgão encontra dificuldade para lidar com os produtos da inflamação, com o muco e as secreções. Isso faz com que o idoso possa persistir mais em sintomas e se recuperar de forma mais lenta”, afirma o geriatra.

Os números apontam que apenas 3,7% morreram de covid depois de completar a proteção contra o vírus. O número sobe para 8,8% entre os maiores de 70 anos, caso de Tarcísio Meira.  O reforço do uso de máscara e o distanciamento social são fundamentais para aumentar a proteção dos idosos que já receberam as duas doses.

Caso Tarcísio não mostra ineficácia, mas maior necessidade de vacinação

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O caso de Tarcísio não pode ser utilizado como bandeira antivacina, mas deve servir para relembrar a importância de uma vacinação mais ampla para a redução da circulação do vírus.

É justamente por isso que o debate sobre uma terceira dose da vacina está se amplificando nas redes sociais:

O Brasil vive uma queda do número de mortes e um aumento no número de casos confirmados para a covid-19. Nosso país está há mais de um mês observando os índices de morte em queda, o que comprova a eficácia da vacinação. Entretanto, é importante falar em dose de reforço; Chile, EUA e Reino Unido já estão trabalhando para aplicar a terceira dose de vacina em grupos da terceira idade.

A Butanvac, vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan ainda em fase de testes, pode servir a esse propósito. Desenhada para já ter eficácia contra as novas variantes, o imunizante está sendo testado e já pode ser aplicado no ano que vem.

“A gente pode até se preparar para uma possível necessidade de um reforço, que pode acontecer seja por novas variantes, pela imunidade ir diminuindo ou para um certo grupo vulnerável no qual a vacina não funcionou tão bem. Mas a decisão do reforço tem que ser baseada nos dados”, disse a epidemiologista Denise Garrett, vice-presidente do Instituto Sabin de Vacinas, dos Estados Unidos, ao Estadão.

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Fotos: Divulgação/TV Globo Foto 2: Getty Images


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