Criatividade

‘Xereca na mesa’: campeã de skate, Karen Jonz diverte com análises da modalidade nas Olimpíadas

09 • 08 • 2021 às 10:18 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Depois de fazer história no esporte, a skatista brasileira Karen Jonz escreveu seu nome também como comentarista de TV, nas transmissões do skate na Olimpíada de Tóquio. Mais do que misturar informalidade, carisma e simpatia com informações precisas e conhecimento sobre o esporte que dominou, a skatista quatro vezes campeã mundial trouxe o empoderamento feminino que se viu nas pistas para a transmissão – e até mesmo popularizou um novo verbo para falar da grandeza e da força das jovens atletas olímpicas sobre as rodinhas: xerecar.

Karen Jonz

Karen Jonz é quatro vezes campeã mundial © Divulgação

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Foram muitos os momentos com que Karen trouxe com carisma diferenciado as informações precisas e especializadas que marcaram sua participação nas transmissões em uma edição dos jogos em que o skate foi protagonista – como ao explicar que o obstáculo redondo no meio da pista era chamado de “teta” ainda que parecesse uma “bunda”, ou ao dizer que uma atleta “xerecou no campeonato” ao cair no corrimão com as pernas abertas.

Karen Jonz

Karen se tornou a primeira comentarista mulher da modalidade © Reprodução/Sportv

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E esse verbo foi mesmo sua marca, já que nenhuma expressão se tornou mais inesquecível do que seu comentário sobre a qualidade do desempenho da skatista japonesa Misugo Okamoto: “Ela já chegou colocando a xereca na mesa e falando assim: é isso aqui, galera. Se vocês quiserem passar pra final, se cocem porque eu acabei de elevar esse nível”, disse Karen.

 

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Como não poderia deixar de ser, a “xereca na mesa” viralizou, mas de forma alguma foi seu único ponto inesquecível como comentarista: em outro momento da transmissão, em resposta ao narrador que destacava a “paternidade no esporte”, Karen lembrou que na maioria dos casos há uma mãe cuidando da criança para que o pai possa competir. “Não tô dizendo que são todos, mas a maioria, os que eu conheço, meus amigos são”, respondeu a campeã, que se tornou a primeira comentarista mulher da modalidade no Brasil. Aos 37 anos, Karen é tetracampeã mundial e a primeira mulher brasileira a conquistar o ouro nos X Games e a se sagrar campeã mundial de skate vertical, entre muitos outros títulos que colecionou em sua carreira.

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A descontração com que Karen comentou o skate nos jogos nada tem a ver com vulgarização ou descompromisso com o trabalho – pelo contrário: alegria, empatia e franqueza ajudaram a fazer do esporte um dos grandes acertos dessa edição, colocando o skate como um fenômeno de popularidade e carisma em Tóquio. No lugar da frieza ou da dureza para comentar, o que se viu foi o mesmo espírito humano, simpático e sincero que o próprio skate trouxe, na pista, como lição para toda a Olimpíada.

Karen Jonz

A skatista foi a primeira brasileira a vencer o X-Games © Instagram

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