Ciência

Ciência reconstrói rosto de Neandertal de 50 mil anos encontrado na Holanda

14 • 09 • 2021 às 08:14 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Até cerca de 8,2 mil anos atrás, o território da Grã-Bretanha não era uma ilha, mas sim uma parte de terra do continente, conectada a o que hoje é a Europa através de Doggerland, massa de terra que acabou submersa após um grande tsunami no século VI de Antes da Era Comum. Era nessa “Atlântida” que, há 50 mil anos, vivia Krijn, um jovem das cavernas descoberto na Holanda em 2009 como o primeiro homem de neandertal do país: atual “morador” do Museu Nacional de Antiguidades da Holanda, recentemente Krijn teve seu rosto “reconstruído” pelos artistas paleoantropológicos Adrie e Alfons Kennis, em trabalho que revela um simpático sorriso em sua feição.

O rosto de Krijn, reconstruído a partir do osso e de estudo sobre pele e cabelos neandertais

O rosto de Krijn, reconstruído a partir do osso e de estudo sobre pele e cabelos neandertais

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Além de partir de comparações com outros fósseis e esqueletos do período, a reconstituição foi toda realizada a partir de um fragmento de osso do crânio da parte da sobrancelha do mais antigo holandês que se tem notícia. Apesar de se restringir a somente uma parte do rosto de Krijn, o osso apresenta duas características distintivas e singulares: uma estrutura bastante grossa e arredondada na estrutura óssea, e um caroço evidente acima da sobrancelha direita, que revela o primeiro tumor benigno já encontrado em um fóssil neandertal.

O fóssil facial do homem de neandertal holandês

O fóssil facial do homem de neandertal holandês encontrado submerso onde antes ficava Doggerland

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A reconstituição também partiu de descobertas recentes sobre os olhos, a pele e o cabelo dos antepassados para que cientistas da Universidade de Leiden, na Holanda, junto de cientistas do Instituto Max Planck, da Alemanha, pudessem recriar a aparência do homem de neandertal holandês – primeiro digitalmente, e em seguida esculpida em modelo tridimensional. O osso facial é o mais antigo fóssil humano já encontrado submerso, descoberto na região do Mar do Norte, de período em que o nível do mar era cerca de 50 metros mais baixo que o atual.

Reconstrução da face do homem de neandertal holandês

Uma das etapas da reconstrução da face © Kennis & Kennis Reconstructions

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Conhecida como Doggerland, a faixa de terra que cobria a área do Mar do Norte onde o fóssil craniano foi encontrado, conectava o território atual da Grã-Bretanha à região onde atualmente se localiza a Holanda, a costa oeste da Alemanha e a península dinamarquesa de Jutlândia. Aumentos no nível do mar foram aos poucos tomando o território, até que um tsunami teria inundado por completo o território onde vivia Krijn, que segundo estudiosos era um homem de porte robusto, que se alimentava de carne, e que carregava um simpático sorriso. O fragmento ósseo e a face reconstruída do homem de neandertal ficarão expostos até 31 de outubro de 2021 no Museu Nacional de Antiguidades da Holanda.

Outro detalhe da recriação do rosto de Krijn

Outro detalhe da recriação do rosto de Krijn

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© fotos: Servaas Neijens/National Museum of Antiquities/créditos


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