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Nas últimas semanas, o foco da Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia (CPI da Covid) se direcionou a investigar denúncias sobre o plano de saúde Prevent Senior. Considerada a mais popular operadora privada de saúde para a terceira idade no Brasil, a empresa ordenou a ministração do kit covid e de outras remédios de forma experimental, além de ter, segundo os senadores, eutanasiado pessoas que ainda poderiam se curar da doença.
Nas redes sociais, a comparação com experimentos cruéis e bizarros de Josef Mengele – o médico do campo de concentração de Auschwitz – se tornou comum. E sim, a comparação com o nazismo é muitas vezes errônea ou exagerada. Mas nesse caso, é difícil não fazê-la.
Desde semana passada, a Prevent Senior entrou na mira do debate público por conta de sua atuação suspeita durante a pandemia. A empresa ocultou a causa mortis da mãe de Luciano Hang, Regina Hang, e também mentiu no atestado de óbito do médico negacionista Anthony Wong. Agora, o jornalista Diogo Mainardi afirmou que seu pai, o publicitário Ênio Mainardi, também faleceu de covid-19.
Diretor executivo da Prevent Senior defende empresa na CPI da Covid
Os pacientes da Prevent Senior foram cobaias de diversos tratamentos experimentais, como a cloroquina, a azitromicina, a prednisona, além de ozonioterapia retal, que consiste na aplicação de ozônio no ânus do paciente. Nenhum desses tratamentos possui eficácia contra a covid-19.
Agora, os senadores buscam investigar casos de tratamento paliativo dentro do plano de saúde. Segundo denúncia do parlamentar Otto Alencar (PSD-BA), o plano de saúde enviava alguns pacientes em estado grave que tinham recuperação para tratamento paliativo, ou seja, a Prevent Senior colocava os pacientes para aguardar a morte sem tratamento de intubação.
O advogado Tadeu Frederico de Andrade, de 65 anos, foi encaminhado para um desses leitos híbridos. Documentos mostram que os médicos indicaram a retirada de todos os medicamentos que pudessem auxiliar na luta contra a doença em sua forma grave e tentaram mantê-lo apenas com analgésicos para retirar a dor. O paciente acabou sobrevivendo e agora registra denúncia contra a Prevent Senior.
A falácia argumentativa chamada ad hitlerum é aquela em que o debatedor, sem argumentos, recorre a uma comparação exagerada para tentar traçar um paralelo entre o acusado e o nazismo. A estratégia é comum no debate público. Mas nem sempre comparar um fato ao nazismo é, necessariamente errado.
As denúncias apontam que, durante a maior crise sanitária da história do Brasil, a Prevent Senior fez experimentos em pacientes da covid-19. A empresa, que possui forte ligação com o atual presidente, é acusada de ter trabalhado para a subnotificação de mortes e pode ter sido responsável pela morte de milhares de pessoas que mensalmente pagavam seus planos de saúde para poder sobreviver.
Mengele teve respaldo da “autonomia médica” para cometer atrocidades durante o regime nazista
Um dos responsáveis por fazer experimentos macabros em seres humanos sem seu consetimento durante o nazismo era Joseph Mengele. O médico conhecido como ‘Anjo da Morte’ foi responsável por experimentos terríveis envolvendo as vítimas do governo nazista. Tudo era legitimado e incentivado pelo Reich. Mas não é só isso:
O senador Randolfe Rodrigues questionou o porquê da Prevent Senior ter usado a palavra de ordem da “‘Obediência e lealdade’, lema da Schutzstaffel, a SS, principal força de repressão do nazismo.
Durante o depoimento do diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, Randolfe disse: “Não sei em qual contexto ela está. O que eu quero saber é de onde veio essa consigna, por que ela é utilizada. Exatamente qual é o contexto. O senhor mesmo que falou que era uma palavra de ordem. É a mesma da SS nazista”, questionou. Benedito afirmou que o responsável pelo lema foi desligado da Prevent Senior em 2017. Não houve mais explicações.
E há muita coisa que não tem explicação. “Na essência, o que ali se perpetrou não difere das ações do médico Josef Mengele em campos de concentração: fazer experimentos com o corpo e a vida dos outros sem consentimento implica desprezo pela dignidade humana”, disse Marcelo Leite, jornalista de ciência da Folha em recente coluna ao jornal.
Em breve, o Brasil irá chegar na marca de 600 mil mortos pela covid-19. O governo trabalhou pela imunidade de rebanho e foi fortalecido por uma parte da comunidade médica – como a Prevent Senior – em sua teoria macabra de que todos deveriam se contaminar com a doença e se tratar com remédios ineficazes.
Mengele teve a oportunidade de fugir e morreu solitário na praia de Bertioga, no litoral paulista, nos anos 80, sem ser julgado pelos seus crimes contra a humanidade. À Prevent Senior, só pedimos o que Mengele não recebeu: justiça.
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